sábado, 14 de novembro de 2015

A espontaneidade é linda

Sempre achei essa coisa de encantar alguém algo tão fácil, principalmente ao se tratar de alguém com quem nos identificamos, como se algum roteiro fosse seguido, com os mesmo assuntos, os mesmos olhares de canto, os mesmos risos forçados e a mesma insegurança pré-ensaiada. Entretanto, algumas vezes o fácil é, na verdade, se esquecer do roteiro e apenas improvisar. O que ocorre após sua primeira gargalhada não premeditada, e quando a reação é positiva, você descobre que o espontâneo é a coisa mais linda que já se viu. 
E se eu dissesse que a espontaneidade me atrai, e muito? E acabei enxergando mais que o normal, mais do que eu já notava por aí, em casos alheios e em personagens criadas por roteiros mal elaborados. Passei a me deixar levar pelo sorriso suave que aparece com a troca de olhares casual, sem aquele pensamento perverso por trás de um risinho lateral, passei a me encantar pelo modo com os olhos semicerram quando o sorriso é grande demais para ser contido, que adoro quando esquecem os olhos sobre os meus inconscientemente, que não contenho o sorriso quando algo de desastrado é feito por conta da distração, que gosto muito quando está de bermudas e uma blusa daquelas em que foram pegas às pressas, com o cabelo bagunçado e com a cara amassada de quem enrolou na cama pensando em todas as possibilidades do dia, e me cativo pelas expressões que surgem diante de assuntos paralelos aos lugares onde o vento nos arrasta.
Mas como qualquer relação com outra pessoa, há grandes exceções. Como aquela pessoa que não se permite surpreender com maturidade elevada, ou aquela que não se deixa levar por ocasiões inusitadas, e entre nós, essas são as melhores. E o bom de se encontrar alguém que a cative espontaneamente, é o alívio em poder ser quem sempre quis ser em meio aos ocorridos do cotidiano, porque nota-se que pela primeira vez, é fácil ser você. E mais fácil ainda, é se deixar levar por alguém cujo olhar a faz sorrir indeliberadamente.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Quer mesmo me conhecer?

Pegue minha playlist, a interprete, e relacione-a comigo. Com meu humor, com minhas frases, minhas filosofias cotidianas, minhas danças, comigo.
Demorei a me entender, demorei a descobrir o significado da música em minha vida, afinal, sempre soube que tínhamos uma conexão forte, mas demorei a saber em que se definia. E fico feliz em dizer: Descobri.
Há dias que estou à la Winehouse, Pink!, Slipknot, System, Red Hot, Metallica e Maiden. E jurava ser uma pequena coincidência com minha personalidade tempestiva. O que fazia com que os dias de Matchbox, Ray Charles, MPB, Amstrong, Elton John e todos os blues espalhados pela madrugada parecerem dias deprimentes, ou alucinações. Mas o que me fez acalmar os pensamentos e chegar à conclusão foram os dias de Clapton, Marley, Chopin, Beethoven, mais MPB, Sheeran, Mayer, Bublé e todos os pops do momento, que se baseavam nos dias em que via aqueles que provocavam meus maiores sorrisos, tanto quanto aqueles que já viram minhas lágrimas mais dolorosas. E ao fim da "pesquisa de minha sensação musical", precisei apenas de um tempo comigo, ouvindo música. E de alguém que não se encaixava nos humores descritos, mas sim em um novo, que se encaixava na felicidade plena em se conhecer.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

A chuva de novembro é, na verdade, uma tempestade.

(Não é um texto como os outros daqui, mas as vezes a alma precisa gritar.)

Algumas crianças passam por algum "dano" em sua infância, algo que faça com que elas sofram e adquiram maturidade para enfrentar tudo de cabeça erguida. Já meu trauma não foi durante a infância, talvez bem mais recente que isso, aliás, ano passado. Quando perdemos um alguém, é como se o chão sumisse, a brisa passa a bater com mais força até nos derrubar, e então, definhamos. Coisa que jamais havia acontecido comigo, pois por incrível que pareça, sempre me julguei uma pessoa forte em relação aos baques que a vida dá. E eis porque novembro, que deveria ser doce, é o mais amargo de todos os meses para a minha pessoa.
Está perto de completar um ano que perdi minha tia, minha segunda mãe, a mãe dos fins de semana, que me viu crescer ao lado de seus pequenos sendo um provável exemplo. Ela me ensinou tanto, que até longe daqui anda me ensinando, e acabou criando as duas pessoas que mais me fizeram amar no mundo. Chamo de primos por pequenos detalhes técnicos, mas me atreveria a chamá-los de irmãos o tempo todo. E juntamente com minha mãe dos cabelos encaracolados e silhueta encorpada, perdi um irmão, não daqueles que estão o dia todo em casa e que sabem cada detalhe de nossa vida. Mas aquele que cuidava do meu anjo mais velho, que fazia com que as pessoas não o consumissem nesse mundo desesperador em que ele vive. E cuidava do meu mais velho, fazendo com que eu sempre o amasse muito por esse fato, como uma criança ama sua Dona Cila que cuida de si. E se eu contasse que ainda sinto o coração apertar quando alguém beija minha testa? Como ele fazia aos domingos de manhã, quando chegava anunciando sua felicidade simplesmente por acordar e estar perto de nós.
Desde que tudo aconteceu, não tenho coragem de falar sobre nenhum dos dois. Mas as lembranças e as saudades são como estilhaços que fazem com que o inteiro se dissipe, e assim estou, com muitos fragmentos guardados, e colocando um pouco de atitude para escrever. Porque a escrita sempre foi o grito da alma, e a poesia faz com que os pequenos pedaços se juntem, assim como a brisa que volta a soprar leve. Coisa que há um ano não tem feito.
Caso haja dúvidas de como estão as coisas sem vocês, devo dizer, tia, que sua pequena se tornou a mulher mais linda que se pode conhecer, e por mais que a vida tenha me afastado dela, algumas coisas não mudam, o intocável se mantém intacto. Ela esteve comigo há uns dias, me contou sobre sua adolescência caótica, sobre os rapazes que fizeram seu coração balançar e sobre como sente falta de estar ao meu lado. E as vezes é difícil explicar o quão a família é. Ela chorou enquanto eu lia um dos textos que fiz pensando nela, e era como se ela tivesse voltado à infância, vi em seus olhos cheios de lágrimas que por mais que a vida te pressione, certas coisas jamais mudarão.
E meu anjo mais velho, continua dando bastante trabalho, ainda brinca comigo daquela forma pesada que só ele consegue, e passou a beber um pouco mais que antes. Frequentemente o pego vendo suas fotos e falando sobre você, mas felizmente a fase de não conseguir olhar mais a dor o
atrofiando passou.
Espero que continuem cuidando de mim, dos pequenos e do meu grandão seja aonde estiverem. Porque se minha fase de trauma aconteceu por um motivo, certamente foi para descobrir como tomar conta deles como vocês fizeram.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Um dia me drogarei de você

Um dia exatamente como se imagina, exatamente ao pé da letra sim, porque vinte e quatro horas é tempo suficiente para confirmar que você foi o melhor tiro que eu dei, ou recebi. Quero chegar de surpresa e dizer que você é meu por um dia inteiro, com todas as subjetividades impostas nas entrelinhas de como te direi e de como olharei você.
 E nesse dia me embriagarei de você, me alucinarei com seu cheiro e aplicarei seus beijos em cada canto de meu corpo. Para que possamos passar o dia regados de whisky, daqueles baratos para que fiquemos cada gole mais extasiados; assistiremos algum filme com um enredo péssimo para que no final não nos sintamos mal por tê-lo ignorado enquanto divagávamos por conversas sobre infância; usarei uma blusa sua porque me autorizarei ser piegas o bastante, e dançaremos em meio aos móveis até que a bebida e os giros nos façam esquecer o quão rápido a Terra gira e o tempo passa despercebidamente; você me ensinará sobre como agir em relação a seus gostos, ao tempo que passa a aprender mais sobre minha manias singulares; tiraremos muitas fotos, ridículas, abstratas, sem noção, para que utilizemos de argumento caso sejamos levados à uma clínica por uso excessivo um do outro; ouviremos música, daquela que um gosta e o outro apenas tem a atenção presa à letra com expectativa de remetê-la a si. E assim passaremos todo o tempo, onde deixaremos os segredos de nossas brincadeiras de lado, porque toda boa história de uso de drogas tem um pouco de duplo sentido.E ao fim do tempo ao seu lado, ao deixá-lo ir, deixarei em aberto a questão de próximas vinte e quatro horas, porque toda boa alucinação merece uma reprise.

Inspiração vem com o vento

A inspiração é algo tão natural que as vezes não entendo como podemos nos deixar levar pelo "branco". Determinadas pessoas a buscam pensando por um longo tempo, outras bebem como se não houvesse a ressaca matinal, outras saem e procuram relatar o que veem. Mas eu nunca me permiti seguir esses padrões, toda essa burocracia para escrever me assusta, assumo.
Certas coisas são como o vento, você só sentirá se estiver disposto à prestar muita atenção, e é assim que me deixo ser levada pelas ideias. Há dias que fico presa em um cômodo sem janelas, me desespero sem as palavras cainhando sobre minha cabeça, mas há dias em que vejo poesia em tudo, vejo temáticas, semânticas e metáforas onde olho. Vejo inspiração como algo que querem nos dizer, ou algo que querem que lembremos, ou pensemos. Ou acha que não sinto uma vontade absurda de escrever quando o vejo? Aliás, cê me inspira até demais. Apesar de eu ainda não ter descoberto se isso é bom ou não. Mas a questão é: Me autorizo abandonar o que estou a fazer, ou a pensar, para escrever. Porque sei que cada um tem sua terapia, portanto colocar uma boa playlist e me deixar levar pelas palavras que meus pensamentos oportunizam é mais que uma terapia pessoal. É uma nostalgia metamorfoseada possibilidades. E que fique claro que quando a vontade de fazer algo bate, a melhor opção é fazê-la.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Ele era forte, até demais

Ele estava com incontáveis problemas, passando por milhões de tempestades internas, fins de ciclos, fins de relacionamentos, fim da saúde e falta de coragem para enfrentar tudo. E todos.
Eis que o álcool acabou se tornando seu melhor amigo, afinal, à cada garrafa consumida, uma preocupação que sumia, um deslize que era esquecido, um medo que era abandonado e apenas a dormência e a sensação quase que vital permaneciam. Estava errado, é claro que ele sabia. Mas quem havia se colocado em seu lugar ao invés de criticá-lo? Era doloroso vê-lo se acabar dessa forma, mas estava claro, ou ele seria absorvido pela bebida, ou pelos problemas. E ele optou pelo menos pior (até então)...
Faz um tempo que ele começou a se drogar licitamente, e se deixou levar totalmente pelo uso excessivo. Ele se vê menos desesperado, com o físico um tanto quando abalado e a saúde tendendo a piorar, mas se vê feliz, consolado. E foi quando aprendi que ele não se deixou levar por ser fraco, mas por ser forte até demais. Preferiu dissipar-se em algo que traria calmaria demasiada à se afastar de tudo que o mantinha bem.



(Espero que saiba que quero teu bem, meu bem.)

domingo, 8 de novembro de 2015

Um dia faço você acreditar

Que o sentido da vida não é para frente. É para cima!

Você precisa sair desse escritório chato, dessa sua vidinha parada. Aumente o volume de seu rádio, repita seus melhores lapsos, aumente a frequência de seus instantes de adrenalina e de frio na barriga. Quero te fazer descobrir uma vida que há fora dessa sua camisa abotoada cautelosamente, fora desse seu cabelo ajeitado milimetricamente e fora desse seu cinto mais apertado que qualquer sutiã aqui nesse bar. Hoje você beberá mais do que deve e irá rir sem se preocupar com a equalização de seus risos, quero ouvir suas piores piadas e suas histórias mais patéticas, quero te ver livre. Quero que saiba que quanto menos vida, mais sonho. Então aproveite, você é muito novo para se preocupar tanto com o inexplicável.
Farei com que você ouça músicas que nunca te satisfizeram, e que fale alto, que fale palavrões quando necessário e que aceite ocasiões impostas. Quero ouvi-lo reclamar, arrependido de noites com pessoas que o desgastavam enquanto gostaria de estar em sua casa com roupas íntimas, saboreando um fardo de cerveja barata do mercado da esquina ao ver um filme clichê até demais.
E então, vou querer saber de tudo o que passava por sua mente durante nossa conversa onde eu insistia que você deveria parar de focar tanto o futuro e começar a sonhar cada vez mais alto. Porque no fim, você será grato por ter feito as pessoas acreditarem cada vez mais em instantes duradouros e sonhos improváveis.

Ninguém resiste a uma dança

Devo dizer que quem nunca teve suas próprias teorias que pule da ponte (porque atirar a primeira pedra é piegas). Mesmo que certas teorias pessoais não sejam totalmente lógicas, ou possíveis, não há nada melhor que compartilhar suas ideias mais insanas e imprevisíveis. E não sou diferente, nem um pouco, possuo muitas teorias e minha favorita é a que ninguém resiste à um bom convite para dançar. Por pior bailarino que seja, por pior que sejam suas coordenações motoras ou sua musicalidade, o convite de sentir um corpo próximo ao seu e descobrir como os batimentos do outro alguém trabalham em sua companhia é praticamente irresistível.
A primeira vez em que dancei para valer com alguém, foi ao som de "Your Song", enquanto Elton cantava uma de suas versões acústicas, eu me esforçava ao máximo para não rir ou ruborizar por conta da minha falta de noção com os pés. E acabei percebendo que por mais nova que seja a experiência de ser conduzido por alguém, é uma das melhores sensações que se pode presenciar enquanto uma de suas músicas eternizam o momento.
E por mais conveniente que seja a música, como um sertanejo pré-coreografado ou uma valsa em que aprendemos com algum parente, a  melhor parte consiste em ouvir algo clássico e surpreendentemente ser cogitado para compartilhar o instante. Porque o jazz, o blues e o R&B intensificam toda dança. Pois assumo que não sou nenhum pé-de-valsa, me embramo com meus pés e com os braços da outra pessoa, e prefiro assim. Não exijo uma dança retirada de "Perfume de Mulher", prefiro atrapalhado, com giros, abraços, risos e beijos. Que seja na cozinha, na sala, sem música, sem roupa, sem pretexto e sem pudores. Que seja especial, que seja eterno enquanto os passos fazem jus à música. E que seja como minha teoria, porque ninguém resiste a uma dança.