quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

365 dias de erro.

Certo, 2016, precisamos ter uma conversa séria antes que se vá.
Esse ano, como para muitas pessoas foi de extrema dificuldade por aqui. Como se eu fosse um clássico de Kafka e estivesse maturando todas as mudanças da vida em apenas um ano!
Ano em que contei meus dias pelas xícaras de café, que conforme o passar dos dias se tornaram copos, garrafas e uma intensa insônia. Ano em que me tornei um alguém totalmente teórico, e não que a prática não importasse mas tornou-se desinteressante. Ano em que tomei a melhor decisão de minha vida, e junto com as dores de cabeça que a contornavam, conheci pessoas que fizeram a diferença em cada segundo desses dias turbulentos de 2016. Ano em que praticamente todas as noites peguei no sono após chorar muito, voltei a ser aquela criança com medo de tudo lá fora e com medo de não ser suficiente. Ano em que descobri a incrível semelhança entre tragar os cigarros mais amargos e se sentir inferior a uma outra pessoa por conta do maldito passado. Ano estranho, que me tirou a fé não-usual, e que me fez querer desistir todos os dias. E durante trezentos e sessenta e cinco dias tive medo, ódio, saí de mim sei-la-quantas-vezes e explodi com quase todas as pessoas já que durante a noite podia tirar a máscara e desabar. Mas, felizmente o ano me deu uma nova chance, um dia a mais que faria por valer a pena todo desespero percorrido e já agradecendo ao bissexto, obrigada por me fazer acreditar na pessoa que vos escreve, porque um único dia fez com que eu soubesse que não vim até aqui para desistir agora, como Gessinger.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Escrevi para você publicamente e me deu vontade de um algo a mais. Queria te dizer que quando digo "Saudade" me refiro a sua voz que muitas vezes me fez entender o sentido de ter os pés no chão, desse teu abraço que durante longos minutos me salvavam do cotidiano, dos nossos assuntos que voavam da origem dos átomos à menina que tropeçou mais cedo a nossa frente. Porque com você me senti viva, senti que amizades podem valer a pena por mais raras que sejam. Porque aprendi que uma madrugada conversando no quintal de casa vale muito mais que um janta extremamente requintado ou uma madrugada falando sobre nada via skype, trocando músicas, experiências, vivências, tudo o que tornaria saudade um tempo depois.
Não me arrependo do desfecho obtido, fiquei sem tê-lo por um bom tempo como se o final de um livro de romance exigisse esse drama específico, e ao retornar tudo estava como antes, sem a parte em que rasuramos as folhas do livro.
É, nego, que saudade de rir contigo, de saber como é cuidar de você bêbado choroso em uma festa totalmente deslocada. De entender o significado de ser pouco para ser poesia, exatamente como a foto da árvore vista do banco daquela praça das quintas-feiras. De ter a efemeridade palpável, pois uma semana de diferença marca nossos momentos talvez mais difíceis,  e ainda sim, mesmo distantes, estivemos um ao lado do outro. Caramba! Já fomos tanto e já fomos tão pouco. Hoje, somos lembranças e muita vontade de estar junto mais uma vez, mesmo que de vez em nunca, mesmo que só para dizer: "Senti sua falta".

Caixinha de tudo

Tenho uma coleção de memórias as quais adoraria cravar em meu corpo, mas respeito é algo de casa e justamente por conta da casa evito tatuar-me.
Eis que volto minha atenção para a caixinha de tranqueiras, pois é, todos deveriam ter uma. E é lá que se encontram os simbolismos diretos para as melhores viagens dentro desse meu mundinho, desde a carta recebida da melhor amiga de infância à pulseira da festa em que me desemvolvo uma pseudopaixão por um mexicano. E ali começa minhas histórias e as ideias para cada tatuagem, como início a palavra "ARTE" fragmentada escolhida para concentrar-se entre as mãos, pelos braços, porque desde sempre sou arte de canto a canto. Em seguida, as coordenadas do único lugar no mundo que me moldou, o lugar onde se encontram as raízes do meu riso frouxo, joelhos ralados e paixão pelo simples, tendo como localização corporal minha costela direita, junto à memória do primeiro tombo bem tomado. Até que o nome de uma escola literária coroa essa paixão de ser e tornar, sou arte, de registro ao fim Alexandrina, de exagero à crítica, fruto do Romantismo.
Se meus sonhos podem ser mantidos numa caixa, minha mente pode permanecer boreal enquanto meus pés, austrais. Assim sou, assim permaneço. Tranqueira.

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Histórias são sempre histórias, até o livro tenha outro fim

Comigo a história sempre foi a mesma: Ia às festas sempre na intenção de dançar, beber e causar alguma impressão louca naqueles que se privam de diversão, mesmo sem focar em conseguir um alguém, acabava acontecendo, aproveitava o momento, a dança, os beijos que se tornavam amassos e parava por aí. E eles sempre da mesma maneira, após alguns beijos se aproximavam ainda mais direcionando os braços à minha cintura para que me abraçassem como um noivo orgulhoso do que conquistou para o resto da vida. Eu, já evitava permitir aos braços que chegassem à minha cintura e me despedia de cara, a maioria deles se sentia ofendido e muito. Mas a história era essa. Não que não quisesse ficar por perto deles e ouvir sobre a quantidade de irmãos que tinham, o que faziam e como detestavam seu chefes apesar de todas suas ambições implícitas, nada disso. Apenas prezava pelo meu modo de vida, prezava demais minhas manhãs para perdê-las discutindo com um alguém sobre falhas alcoólicas da noite anterior, prezava pelo meu corpo que não precisava ser exaltado por um alguém que teria a única opinião considerável para mim e acima de tudo, prezava por um coração vazio.
Como se eu andasse com uma plaquinha, a questão sempre me perseguia: Para mudar meu status, você precisa ser muito surpreendente. E não, não é sobre falta de humildade ou excesso de confiança, consiste na verdade sobre encontrar um alguém que me tire da zona de conforto. Um dia as coisas mudarão, por um alguém, e ele se ofenderá com meus meios de dispensar o interesse, fará com que minha rotina gire em torno de sua presença mesmo que de maneira metafórica e terá constante acesso à aceleração do meu coração. Por céus! Como um alguém consegue fazer meu coração disparar mesmo com certo tempo de convivência? Enfim, ele chegará e será incrivelmente surpreendente essa facilidade com que tudo mudará, e a intenção sempre foi essa, me dar a surpresa de mudar a história.

terça-feira, 12 de julho de 2016

Falta você e ele em vocês.

As coisas mudaram, vocês mudaram. Como não mudariam? O vento da tarde não funciona como a brisa da manhã, que não traz o alívio da brisa marítima, muito menos a brisa de uma boa droga, e que droga viraram hein?! São exatamente mais um número, na lista dos casais que parecem ter sido pegos pelo cansaço de estar à companhia um do outro.
E a falta de ser o único número da lista das exceções se junta à falta de serem o silêncio quando alguém pergunta o exato status de seu relacionamento, também falta de ser aquela por quem ele morre de vontade de ver durante a semana mas evita procurar porque as outras seriam só as outras. Como a falta de suas reticências provenientes de um casal diferente, os beijos demoramos cheio de paixão em meio às multidões das festas hoje são encontros de lábios por milésimos de segundos que fazem a média de que são um casal, que se une à falta de sentir que ele a quer, de procurá-la com os beijos mais quentes possíveis, falta de se sentir mulher porque hoje tudo se vê morno, deprimente. Uau. Exatamente como todos os outros em volta. As danças cada vez mais demoradas e mais descontroladas sob o poder de encosto no corpo um do outro se tornaram um nada, ele com sua bebida num canto, você desejando se soltar no outro e de longe aquele sorriso cínico de quem detesta aquela mesmice. As notificações mudaram, as mensagens que traziam aquele frio delicioso nas respectivas barrigas desapareceram, porque ele já não precisa mais agradar a moça que quer usar como troféu para os amigos. Tudo perdeu a graça, já que no fundo conseguiram o que queriam e já não são mais o que deveríamos. se pudesse, voltava. E seria parte daquela lista onde as coisas tinham graça. Moça, não se deixe amornar, porque se sentir desejada é um dos melhores sentimentos. Se ele já não faz jus à mulher que tem, haverá um alguém que trará graça. Não se permita ser cotidiano, você é novidade demais para um dia-a-dia comum.

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Simplicidade e Imaturidade são conceitos diferentes

Se sujeitou a estar com um alguém, aceite-o exatamente como é. E assim começo, da forma mais direta o possível deixando claro que não precisamos gostar de tudo o que a outra pessoa é/faz, mas sim, aceitar. Portanto não me apareça com o papo de que não conhecia esse lado dele, talvez você só esteja sendo apresentada ao mesmo pela primeira vez.
Essa revirada de olhos quando ouve o som de sua gargalhada em uma piada totalmente boba é sinal de que você precisa parar de revirar esses olhos e abri-los de uma vez, você tem a simplicidade em suas mãos e está a deixando escapar por falta de maturidade, moça! Não é porque ele não discute a Teoria da Relatividade com você que não a conheça, ou que não possui potencial suficiente para dominar assuntos complexos. Não é porque insiste em ouvir a mesma música por muito tempo que não saiba apreciar outros estilos ou se deixe levar pelas novidades, talvez só se sinta à vontade derepeti-la em sua presença. E quando ri com acontecidos aleatórios não está lhe dizendo que falta maturidade ali, muito pelo contrário, está provando que possui desenvoltura suficiente para aproveitar o momento com a melhor energia possível. Ele não insiste em silenciar durante assuntos polêmicos por falta de coragem, saiba que só está permitindo seu bom senso atuar. Não mendiga carinho, não é uma criança birrenta ou necessitada de mimo, ele só faz questão de fazer durar os momentos de vocês como um casal. Ter escolhido pão com ovo para o café da manhã à um bolo da casa de doces mais caras da cidade não significa não querer agradá-la, ele só se sente confortável o suficiente para comer exatamente o que gosta quando juntos. Não se arrumar exageradamente ao saírem é o sinal de que não é preciso ser recatadamente arrumado sempre na junção de pública e você. E entre todos os detalhes que fazem de suas atitudes motivo para que queria deixá-lo, o mais importante: Aquele sorriso largo como de uma criança que acaba de ganhar o primeiro boneco de ação é seu, e só seu. Então se não sabe interpretá-lo da maneira correta, aprenda que sua imaturidade não combina com a simplicidade dessa joia rara.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Exalando mudanças históricas

Nossa essência provém de frasco montado onde uns acabam obtendo rachaduras, riscos, marcas de digitais permanentes, formas irregulares e design mais elaborado que outros, enfim, frascos e nada mais. Porque o que há é sempre o mesmo, a mesma essência, somos todos frutos de grandes nomes, criações moldadas a partir do odor que cada um, a partir de cada gota de suor específica e cada peculiaridade da fragrância. 
Somos a inclusão dos que fizeram história em nosso cotidiano, somos a junção da aleatoriedade de um todo conhecido e o acaso de um anonimato. Somos o cigarro que fez Amy desistir de um amor que destruiu sua sanidade e sua vida, somos a boemia de Byron e suas escritas provenientes de casos negligenciados pela humanidade, somos a necessidade de mudança Duchampiana sendo criação de novas fontes ou o bom humor do desenho de um bigode em algo requintado demais, somos o erro de Edward ao fazer história por permitir a tragédia de seu Titanic, somos alucinações memoráveis de Burton e enredo muito bem finalizado de Hitchcock. No fundo, somos a fragrância que percorreu Eras, e hoje deposita-se em cada um para que uma nova escrita seja feita. Portanto, você está em seu "Era uma vez", em seu "Foi há tantos anos" ou em seu "E assim segue, dia após dia"? Que o cheiro dure, que a mudança faça variar perceptivelmente e que o roteiro seja histórico como se deve ser exalado.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Meu nome é Otário.

Durante muito tempo ele se importou demais com quem não devia, com aqueles que não mereciam. Ele se tornou vítima da frustração, do arrependimento e da saudade opulenta, chegou à beira de desistir e esquecer de qualquer contato mais afetivo, sofreu, sofreu demais, por amor.
Era entrega total, se dava aos abraços, se doava aos beijos, fascinava-se com facilidade por quem lhe dava reciprocidade, e aquelas que correspondiam às expectativas? Ah, essas tinham seu coração, e tendo-o, se entregava como se não pudesse fazê-lo. Com o tempo aprendeu que o amor é limitante, com todo carinho e todos os beijos não retribuídos, com todo o sacrifício por dois, três, quatro e algumas outras dezenas de decepções acumuladas embaixo do colchão com cada carta de borda amarelada. Perdeu causas, perdeu a compostura e o charme de quem acreditava que poderia mudar o mundo, seu mundo e o mundo de alguém. Muita experiência para quem hoje, se apresenta como longe de quaisquer relações, se fechou porque cansou de levar baques por amor, mas tudo bem, seja o que for, seja por amor as causas perdidas.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Amor é o adeus que faz o olá existir

"Planejei tudo para matar essa saudade guardada aqui, vá até o portão, tenho um presente", ela apareceu com um laço vermelho contornando seus cabelos, de braços abertos, um sorriso de orelha à orelha e os olhos mais brilhantes que a lua acima de nós. Exatamente como a tinha deixado, intacta, sorridente, minha.
Há um tempo viajou, e me vi vazio como não pude imaginar, senti sua falta como se uma parte de mim tivesse ido junto. E voltou. Entrou em casa tomando posse da cadeira do meu quarto, exatamente como antes, tagarelava sobre os tropeções e esbarrões por cada país que visitou, e eu, perdido nela como sempre fui. Jogou os colchões na sala, colocou uma blusa minha, amontoou as almofadas e os cobertores rapidamente, sorridente disse que eram aqueles os planos, um abraços embaixo daquela caverninha de pelúcias que consumaria nosso tempo junto. E ansiei estar com o corpo ao lado do dela, como ansiava a manhã seguinte quando acordaria e daria de cara com ela lendo acompanha daqueles óculos enormes grudados em algum livro conceitual chato demais para mim, com as pernas cruzadas como indinho, concentrada (O jeito que mais amava vê-la). A madrugada voou, se voaria! Conversamos, nos amassamos e deixamos ser entrelinhas do ato de madrugar. Fui criança que havia se perdido há um tempo, quando ela saiu de perto, fui carinho que havia desacostumado e fui sorriso que há de estar descontrolado. E no dia seguinte, matei a saudade daquela "ela" que me fez apaixonar, com as pernas cruzadas e o cabeços pós-levantar, brega que só ela com a mania boba de usar mais de duas meias enquanto dorme, passamos o dia brigando e brincando como se não houvesse o adeus do amanhã. Ela viajaria de novo. E na despedida do dia seguinte, a única coisa que traçava esse elo maluco da nossa relação: O até mais do próximo encontro.
Porque amor pode durar muito enquanto dura pouco.

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Ela é acorde

(Indico 3x4 do Engenheiros do Hawaii)

Ela conhece o mundo, os que ele habitam, os que já habitaram e os prováveis futuros habitantes, mas não se conhece, ainda busca descobrir de onde veio e o porquê. Até que pôs play em sua playlist e ouviu sua essência, seu modo de viver e sua história.
Exatamente, ela é um acorde, aquele em que as unhas raspam nas cordas da guitarra e acaba por causar arrepios em que quer que esteja ouvindo, ao mesmo tempo é aquele certeiro, suave, o qual tudo para e sua atenção se volta para o mesmo, também um fragmento daquele acorde ocasional que traz a harmonia necessária para o momento.
Vinda de um sussurro musical e uma junção das letras mais conceituais já criadas, vivia da maneira mais  paradoxal entre acreditar que tudo era para sempre sem saber que o para sempre sempre acabava de Cássia e pagar seus pecados por acreditar no terno de viver uma só vez de Gessinger. Amava como se tivesse guardado para ele o amor que nunca soube dar, como se Nando a tivesse ensinado, por justamente ter sido ele quem a fez ter crença no amar sem medo. E justamente ela, medrosa que só! Medo de se entregar, pedir e calar, medo de concordar com Lenine que o medo não a deixa andar. Jovem, machucada pelos diversos esbarrões frontais nos moinhos, das quedas dos cavalos em que confiava, da crônica teatral de amor ilusória, muito prazer, chama-na de otária, já que sua única vez como protagonista de uma história de amor, na realidade passou de uma figurante buscando confiança, carregando dessa forma todo o peso daquele Chão de Giz que acompanhava-a durante os meros devaneios tolos amorosos definidos por Zé. Apesar de qualquer porém, aprendeu a afogar a calma salivando os beijos dele, como se Gadú os tivessem apresentado, aprendeu a amar, passar noites na cama certa e acordar na mesma. Ah, ela era linda assim deitada, com a cara amassada descrita por Iorc. E bastou encontrar alguém para que se tornasse sintonia, música lapidada, finalizada e sem mudanças de estúdio, até porque exagerada como Cazuza, é música simplesmente por ser artista no convívio dos que se propuserem a ser reciprocidade de seus ridículos e intolerantes amores falhos. É, fui sincera. Como não se pode ser.

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Era uma vez... A criança dentro de cada mulher

Quando pequena, assistia aos contos de fadas e acreditava que encontraria meu príncipe um dia. Esperava ansiosamente o dia em que receberia um beijo durante o sono de um homem mais que bem vestido ou o dia em que o homem dos meus sonhos me convidaria para valsarmos em frente a todas que o desejavam. Tive uma infância à la Disney típica de qualquer outra mocinha inocente. E a pergunta permanece: Onde foi parar a pequena que sonhava em ter seu príncipe?
Atualmente, se me tratam de forma educada já marco grandes pontos na lista. Se retribuem meus melhores sorrisos, alguns mil. E se me roubam beijos, estouram a pontuação dos bilhonésimos. Minha ideia ilusória de um estereótipo passou a se resumir em um alguém que aparece talvez em seu cavalo, em seu camelo, em sua lacraia ou o que quer que seja apenas que apareça quando preciso, que talvez me escolha entre todas as que o queiram e que, talvez, me trate como a princesa que fui um dia. Mesmo que há muito tempo, mesmo oculta por uma personalidade forte, uma personalidade a qual só os mais atrevidos desvendam, a princesa ainda existe, ainda espera que em algum momento puxem a cadeira para que possa sentar (Ainda que sem reação), ela ainda aguarda um elogio repentino quando menos arrumada e mais descontraída, porque sabe que para ser um príncipe não é necessário um título diante de todo palácio, e sim, fazer com que sinta-se uma princesa, tanto faz, por um segundo ou por toda a vida. A criança dentro de nós as vezes precisa de um mimo, como uma flor precisa da combinação água e Sol, termos Sol que faltava de repente passa a ser a necessidade de termos mais água.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Arte, de canto a canto.

Uma caneta, uma folha em branco, um cd com trilhas sonoras conceituais  e um contexto transfigurado. Ou um teclado, a página do youtube rodando no aleatório das mais tocadas e um mente perdida. Essa sou eu, junção do ontem, do outrora e no aguardo e um amanhã. Sempre fui o que escrevo, sempre fui o que crio.
Quando pequena, era os desenhos feitos para o escritório do meu pai, baseada nas personagens à la Salvador dá-lhe-corpo-de-palito, todas com sua essência, exatamente como uma criança gostaria de se enxergar dali um tempo. Cada uma com seus cabelos coloridos, vestes extravagantes e um contexto social criativo. Essa era minha primeira impressão de mundo, fui desenho, fui desenhista, fui criatividade infantil. Por fim, aprendi a escrever e fui papel, caneta "igual de gente grande", lápis e borracha que sumia rapidamente pela mania de limpá-la atritando na parede, e com tais materiais, fui cordel citado na frente da sala toda com a vergonha ruborizando o rosto até queimá-lo, fui poesia de dia das mães com estrutura dissertativa, fui alfabeto errado e matemática sem as devidas vírgulas e os devidos sinais. Até que aprendi sobre a beleza de ser um outro alguém, e fui interpretação, correria atrás de coxias para a cena seguinte, tropeção em linóleo descolado, figurino rasgado e monólogo esquecido quase cego pelos holofotes falhos do teatro municipal, fui Shakespeare e caveira de Hamlet, fui e não fui, sempre foi a questão. E virei dança, rodopio, força nos braços, alinhamento de quadril, de costas, equilíbrio entre mente e corpo, equalização total da música com a alma, fui bolhas nos pés, conforto nas expressões e facilidade em dançar nos mais inusitados lugares. Hoje, sou junção de tudo. Talvez ainda nova para dizer, mas sou outdoor rasgado pelas intempéries, sou remendo de sílabas no final da folha para não gastar linha, sou música desritmada e ritmo sem batida correta, já que o coração bate por tudo o que já foi. Coração é e não é. Sou eu, mente daquela criança que desenhava sentada na escada situada na sala de casa enquanto o pai assistia ao jornal. Sou aliteração da mocinha que recitava os poemas mais sem sentido do mundo e ficava feliz com o único aplauso da professora (Por ser a pobre coitada ainda acordada). Corpo da adolescente que se via estudando, dormindo, comendo... Vivendo na dança, sou os joelhos calejados dos tombos e os braços suaves de tanto movê-los à la Cisne Negro. Sou escrita provinda de coração partido, sou as mãos de quem tocava a guitarra desafinada até finalmente aprender a afiná-la direto dos ouvidos (O que até hoje se torna difícil). Sou uma junção da arte que fiz. Sou o que a arte fez.

terça-feira, 10 de maio de 2016

(Ex)colhas


Toda relação é efêmera.


Sim, dessa maneira, direto e reto. A vida nos ensina a aceitar baques diretos, justamente direto ao nosso bom senso, já que toda e qualquer relação é entre um certo número de pessoas, e todos temos nossos extremos, portanto toda relação se baseia em extremos. Ou oito, ou oitenta. E isso faz com que a efemeridade seja imposta, toda e qualquer forma de afeto faz-se afastar e o limite finalmente é atingido. Como as marés que um dia se esvaem por conta da distância relativamente inesperada da lua, como o café que esfria e perde totalmente a graça até para os maiores amantes da cafeína, da mesma forma que um relacionamento tem seu fogo apagado em um sopro, em um "de repente", assim como com as mudanças do meio social e da mentalidade, deixamos de nos apaixonar por aqueles que roubavam nossos melhores sorrisos. Porque o que mais pode assustar um alguém ansioso é a falta de noção do futuro, um alguém depressivo é a falta do passado, é a presença de "ex". Afinal, a efemeridade é arte. É um artista de rua, obrigado a deixar sua obra inacabada porque seu expediente acabou e com a queda da noite, também caem as vantagens de permanecer ali, sozinho.
Salvar a arte de se afastar é exatamente o ato de abandonar seus pretextos, tudo o que te faz ser o que foi um dia com as pessoas inseridas na relação, é deixar a essência da probabilidade te acertar, já que provavelmente você estará segurando firme demais para não deixar tudo desabar, e provavelmente estará segurando tudo quando a noite cair, sozinho. Para que a arte seja salva é necessário apreciar o que a compõe, o que significa escolher entre deixar sua obra inacabada em um dia e continuar trabalhando na mesma indiretamente para que no dia seguinte possamos continuá-la, quebrando o fator efêmero e fazendo com que as relações se eternizem, dia após dia, expediente após expediente.

terça-feira, 3 de maio de 2016

Vem me ver hoje?

Passei esse começo de tarde enfiada debaixo das cobertas, me dei folga, quero dormir e ao mesmo tempo aproveitar meu resto de dia "livre". Ah, se pudesse aproveitá-lo contigo, te fazer meu canto e meu abrigo, poderia dormir abraçada com seu braço ou ver um filme sem entendê-lo, poderia te mostrar o que aprendi recentemente e mostrar a falta que me faz todo momento. Fiz um café doce e forte, você também gosta, eu sei. Estou com aquele moletom que te faz rir toda vez que vê, e com os cabelos presos por dois lápis, o que também te faz rir. Também, desde que cheguei em casa, ouvindo aquele DVD da Maria Gadu que coloco quando preciso relaxar, precisava estar trabalhando ou estudando, mas quero esse tempo para respirar. E nada melhor que respirar fundo e reconhecer o cheirinho de café, ainda preferindo reconhecer seu perfume forte e doce.
Estive pensando em pegar meu violão, que há tanto anseia para ser tocado, entrelaçar as pernas nas suas e tocá-lo até a noite cair. Quase posso distinguir o som do seu riso ao imaginá-lo matando seu tempo comigo, mesmo sabendo que o verei logo, sabe que sou 70% Nando, e assim, espero sempre que o tempo voe. E se não voar, me faço vento, pego-o para dançar e me faço flor. Como for.

Deixo nas entrelinhas que já sinto sua falta, e nas linhas mais que visíveis meu singelo convite: Vem me ver hoje? 


quarta-feira, 27 de abril de 2016

Nem um dia (frio)

Hoje acordei totalmente Djavan, querendo um bom lugar para ler um livro, o qual faça jus ao frio lá de fora, já que meu pensamento em você não é exatamente uma novidade. Cancelei todos meus compromissos, peguei aquela coberta de casal que me cobre até os excessos de travesseiros que me rodeiam, coloquei minhas meias mais bregas, mais quentes e mais longas (Sim, elas chegam ao joelho), me vejo confortável no moletom velho com cheiro de café que me acompanha frio após frio.
Dessa vez, optei pelo vinho ao invés do chá misto na caneca favorita. Liguei a TV e me vi feliz por encontrar um filme extremamente meloso, daqueles em que o casal praticamente sussurra o final para o espectador.
Parei, reparei. Eu mudei. Em um dia frio normal, acordaria totalmente DIVA, dançaria pela casa munida de um desodorante ou uma escova de cabelos como microfone, faria performances até o horário de meus compromissos (os quais jamais desmarcaria para me dar uma folga da rotina), beberia um refrigerante extremamente gelado e continuaria a vida apesar de o clima me pedir para relaxar e esquecer que o tempo corre, como eu correria num dia frio.
A parte que me consola, é que as pessoas mudam, eu não poderia ser diferente. Sou uma composição de falhas e metamorfoses, meio borboleta, meio enferrujada. E ao notar essa minha transição, busco o que vive em meus pensamentos mesmo ao pensar apenas em mim, você. Desejei como nunca havia desejado sua presença aqui, deitado nessas cobertas grandes demais para uma só pessoa, sem dizer nada, sem ver o filme, apenas aproveitando o fato de ficar próximo, porque no frio precisamos ser mimados, precisamos daquele cafuné e daquelas gargalhadas provocadas por um silêncio quase que constrangedor. Precisamos ser surpreendidos, como eu gostaria de ser com sua chegada, mesmo que demorasse horas, eu já estaria feliz.
O vento vai incidir pelas janelas que esqueci abertas em algum momento, a pipoca ficará pronta e precisarei levantar do meu conforto. E quando isso ocorrer, correrei para o portão na expectativa de te encontrar, porque é isso o que a queda de temperatura faz, ela derruba, também, nossa noção. E se por acaso ou fruto do querer-não-querer você estiver parado lá, prometo te acolher, e te deixar por aqui. Já que estou Djavan, te dou o que há dentro do meu coração guardado pra te dar e todas as horas que o tempo tem pra me conceder serão tuas até morrer.


segunda-feira, 18 de abril de 2016

Essência

Moça, por que você sorri tanto?
Essa manhã o Sol brilhava mais, e isso já foi motivo para passar o dia todo cantarolando e rodopiando pelos cantos da casa e da cidade. Acordei lembrando que o amor está por aí, e que posso encontrá-lo a qualquer momento, quando isso acontecer, quero estar sendo o mais eu possível. Caso nos esbarremos na rua, quero que saiba já de cara que danço enquanto ouço música nos fones de ouvido e sim, a música sempre estará extremamente alta para que os pensamentos nem se atrevam a ecoar. Se nos encontrarmos em algum evento específico, elaborado e requintado, deverá saber que sou aquela com pouquíssima maquiagem, provavelmente com uma taça bem cheia na mão e soltando o tal do sorriso gigantesco. Se for em um bar, estarei cantando no momento que encaro a banda ou o cantor, num momento só "nosso" já que onde tem arte, estou. Caso seja em qualquer outra casualidade, estarei sendo eu, casual até demais, geralmente cabelos nada arrumados, um andar até que engraçado (é o que sempre dizem), cabeça balançando em algum ritmo criado por devaneios repentinos, distraída demais, perdida, encontrando. Porque se há uma definição para o sorri que insiste em permanecer, são as metáforas, e a espontaneidade. As duas coisas que mais me cativam no mundo todo, exatamente a essência das pessoas que têm meu amor e minha verdade. E eis o motivo desse sorriso quase que irritante, o Sol brilhar tanto, porque não há metáfora melhor para um dia iluminado do que a felicidade iminente. 

terça-feira, 12 de abril de 2016

Minha Belle Époque

Minha infância foi daquelas clichês-não-clichês, sendo uma típica garotinha de roça, de sítio, de subir em árvores, ralar os joelhos, de ficar sem o tampão do dedão do pé, de usar botinas para correr na lama, de se cobrir de argila, de comer fruta direto do pé, de tomar banho de rio e de ser feliz.
Era uma casinha no topo da montanha, como nos filmes, porém melhor (muito melhor!).
Me lembro de cada detalhe de minha infância nada conturbada, do jatobazeiro onde utilizávamos da sombra para acampar, de um rio extremamente raso em que atravessávamos uma pontezinha, da plantação de amoras que eu e meu pai demos início, da tirolesa que montamos assim que começamos a construir a casa, de uma pseudocasadaárvore, do balanço que insistíamos em reconstruir toda vez que alguém rompia sua corda, do monte de areia em que as crianças costumavam dar vida à sonhos (Surgiram ali princesas, castelos, lagos, imaginação), dos vizinhos -amigos e família, da caverna que levávamos todos os amigos para visitar -fruto de cada vez mais mitos, da cidadezinha próxima onde todas as visitas se faziam presentes, e o que mais me aperta o coração nas lembranças... A vista do topo da montanha, aquele pôr-do-sol encontrado somente ali naquele cantinho específico, o ponto perfeito para as estrelas cadentes que apareciam nas madrugadas de domingo.
Sinto falta da época em que as coisas eram mais fáceis, a natureza estava junto à nós e não existiam maiores preocupações, e todo ano enquanto o natal se aproxima, me faço fonte, fonte de nostalgia e saudade. Saudade dos tios que se fantasiavam e juravam descer pela lareira para a alegria dos pequenos. Saudade dos presentes trocados exatamente à meia noite. Saudade do abraço coletivo antes da ceia, feita no fogão à lenha. Saudade da criança que se via feliz com aquele pouco, com o balanço de uma madeira, com os modões que tocavam cada dia mais alto no rádio da cozinha, com a água gelada do chuveiro externo, com a sala de vidro que nos despertava junto ao Sol, com o tempo de terra, barro e argila.
Há um tempo o tempo passou, pois sempre passa. Mas dizem que lembranças e nostalgias servem para revivê-los, portanto que assim seja, e que revivamos a saudade do tempo bom. 

Caro passado...

(Sobre um alguém que decidiu não ouvir o mundo em volta -Isso inclui minha pessoa- e perdeu seu passado para o presente. Indico - You know I'm no good)


Aquele sorriso reluzente aberto na maior parte do tempo, lindo, daqueles que os olhos semicerram quando aberto, lindo, dos quais roubam um seu quando aparecem, lindo, daqueles que ficam em sua mente quando a tal distância aparece. Lindo, o qual não soube valorizar. E hoje vejo aquele sorriso lindo sendo causado por outra, por ela que apareceu sem aviso prévio e roubou o coração de quem costumava deixá-lo sempre guardado, muito bem escondido por sinal.
Eu o amei, eu o amo, como devia ter amado enquanto estava comigo, como devo amar pelo fato de estar feliz (mesmo não sendo comigo). Costumava chamá-lo de "Rei das Peculiaridades", zombava de seus gostos um tanto quanto diferentes, o que me fez demorar a perceber que era exatamente o que fazia dele, ser ele. Onde já se viu um alguém gostar tanto de groselha? Ou assistir treze vezes o mesmo filme procurando erros de gravação? Por que todas as manhãs precisava se alongar ao som de uma música nova? Por que ria tanto de piadas de pontinhos? Eram tantas perguntas diárias, cujas respostas me faziam revirar os olhos, já que a zona de conforto é uma senhora traíra e uma vez colocados lá, jamais saímos sem feridas ou rancor. Hoje, me aninho no sofá com um outro, sentindo falta de seus papos aleatórios sobre a música que ouviu nessa manhã, sinto falta do amor selvagem, entregue pelas correntes metafóricas de suas mãos muito bem vividas. E passo todas as noites imaginando como seria se eu tivesse percebido que a vida é leve, que ele era leve como nossas manhãs brincando com o travesseiro, como nossas piadas sobre a roupa íntima um do outro. O remorso bate e não me vejo sem o medo de descobrir que ela o faz feliz, e que bebe seus drinks malucos de groselha para agradá-lo e que assiste todas as vezes os filmes somente para se divertir com aquela expressão engraçada que fazia observando o cenário e os figurantes de cada cena.
Mais um sorriso se abre à minha frente, e pela centésima vez, não. Não é tão iluminado quanto o dele, tampouco tão "contagiante" e o que esqueci de citar (talvez porque só lembre durante a noite, enquanto sua imagem vagueia por meus pensamentos de um modo sutil) não possui as covinhas que tanto gostava. E mesmo com o outro, posso encontrar um alguém sem defeitos ou algo do tipo, e ainda não serei feliz, afinal, não é ele. Não é o moço que ri de piadas ruins, nem o moço que fala mal das minhas calcinhas mais confortáveis.
O tempo me ensinou a valorizar as pessoas, e talvez, um dia eu pare de buscar nos sorrisos, a essência dele e acabe reencontrando a minha.


Com amor,
Um alguém que aprendeu a amar o passado.

quinta-feira, 31 de março de 2016

Quando aprendi a cantar o amor

É noite de lua cheia, estrelas absurdamente brilhantes e um clima exatamente como ela gostava, fresco mais para quente. Abram a roda, para essa canção quero meu melhor violão, e muito espaço para poder olhar  as estrelas de modo que minha voz seja voltada às mesmas. Acalmem-se, acalmem-se, é a tal canção, é ela.


Calças largas, cabelos bagunçados devidamente escondidos por um boné com a aba voltada para trás, blusa larga na tentativa inútil de esconder uma cintura extremamente delineada e um sorriso insistente, daqueles que jamais somem, jamais! E dessa forma, descrevo ela, em uma palavra: diferente. Em um adjetivo totalmente inovador: ela.
Ela que era uma artista da vida, perambulava cantando a felicidade, dançava com a ansiedade, pintava o sete, se necessário sete vezes já que pintava a persistência, era detentora de um corpo poético,  não poesia de Camões, nada de formas corretas ou métrica rígida, era poesia de boteco em guardanapo dos que rendem noites alucinantes e sorrisos contagiantes. Era música, um samba-enredo pela manhã, com rima, ritmo animado e tudo o que tiver de direito, e um jazz bem cultuado à noite. Era uma exímia abraçadora, isso mesmo, tinha como sonho abraçar o mundo e cada ser inserido nele. Gostava de abraços repentinos e carinho doado. Era a dona da maior teimosia do tal mundo que abraçava, porque estar certa nem sempre era ser justa, e deixava claro sua constância com testa franzida e lábios formadores de linhas daquelas que separavam o austral do boreal e a realidade do mundo que fazia questão de alimentar em sua mente. Ela era criança, de todas maneiras possíveis, uma criança artista das que criavam apelidos criativos para aprender a brincar com as palavras e ao crescer, continuou criança e inocente, carente, sorridente... Continuou me ensinando a preservar a criança que brinca com as palavras dentro de nós. E como qualquer boa música, gostaria de mantê-la num vinil somente para mim, sempre por perto, sempre ouvindo-a. Mas o mundo toma tudo o que um dia foi nosso, ou melhor, tudo o que jamais deveria ter sido. Já que as pessoas passam por nossa vida para nos ensinar e finalmente aprendi a cantar, a cantar essa coisa louca, desafinada, desarranjada e desconcertante que é o amor.
Ah, mas a saudade nos faz nostálgicos, nos faz criar melodias com o passado para que possamos ouvir o presente e substanciar o futuro. Enfim, sobre meu melhor violão e as estrelas? Porque na primeira noite com alguém que valha a pena vocês discutirão o indiscutível, como a distância do local presente à uma estrela, enquanto ela te explica os diferentes tipos de contrabaixo utilizados em um disco dos Beatles ou do Muse. E sim, quem a vê falando sobre Russeou e Hume, não imagina que é a dona das piadas mais ridículas do mundo, apesar de conquistar gargalhadas até mesmo com essas. Afinal, artistas não fazem apenas arte, eles semeiam a beleza da espontaneidade, e essa canção é isso, é improviso, é espontânea, é ela.

quinta-feira, 24 de março de 2016

Uma carta à história




Bom dia, meu amor.




Pode ficar deitado, levo o café já que levantei mais rápido dessa vez. Você fica lindo descabelado, com essa cara amassada enquanto encara um dos meus quadros do Kandinsky, aquele que sempre pergunta o motivo de eu gostar tanto. Posso colocar Beatles durante o processo de levantar-logo-ou-não? Vai rir com meu pedido, mas tem um pouquinho da história de tudo em meu quarto, em minha mente, em minhas manhãs, em minha vida, e devo dizer: Como faz parte dela agora, quero história em nós também.  Ou melhor, quero nós na história como um casal bom ou um casal fantástico. Posso ser uma personagem inocente fruto de um amor casual como Amélie, ou posso ser sua Amy, superando milhões de problemas e eternizando-o com certo desprezos em minha personalidade conturbada. Não?! Ok, então posso ser seu Efésion e então, meu Alexandre, podemos pular a parte de que você escolhe um outro alguém e ir direto para o amor até depois do fim. Também posso pincelar um pouco de Helena e te fazer causar alguma guerra por mim, porém, em nosso caso a guerra seria porque me esqueci de mandar aquele bom dia animado que insiste em me cobrar. E com essa pincelada, acrescentemos uma dose de algo um pouco mais forte, como Capitu, e que deixemos nosso caso em haver às perspectivas alheias. Ou sua Mata Hari, para que tudo tenha uma certa intensidade proibida.
Enfim, preciso parar de divagar sobre onde entraríamos na história, mas garanto que ficaríamos entre uma introdução parecida com "Eram loucos um pelo outro, e pelo destino que o fez caminhar exatamente para um tropeço certo" e uma conclusão mais ou menos como "E assim continuam, repetindo suas metáforas internas ano após ano, até que finalmente descubram onde se eternizarão".  Porque se tem algo que quero fazer, é contar nossa história para quem quer que se pergunte de onde vem toda essa felicidade. Agora, já pode levantar e me dar aquele abraço que peço nas entrelinhas das nossas manhãs, vem? Prometo parar de parafrasear sobre nós. Dessa vez.

quarta-feira, 16 de março de 2016

Cativada por "nós"

Você sabe, não sou boa para me expressar, tento evitar palavras que imploram para sair e as deixo por aqui ou em algum lugar aqui dentro de mim. A questão é que ultimamente minhas palavras têm tomado um rumo diferente, elas permanecem no centro do meu peito, onde todo mundo insiste em dizer que é o coração. Que seja! Elas ficam por ali, e não mais levam "eu" como contexto e sim, "nós". Acreditava ter como motivo o fato de pela primeira vez eu fazer parte de um "nós", porém, descobri que é bem mais que isso, é estar finalmente adaptada com esse "nós". E que nos prendamos a nós cada vez mais fortes, difíceis de desatar e imponentes, porque quero cada vez mais nós em nós.

Já ouvi de tantas pessoas que não dará certo, que com o tempo essa nossa distância semanal irá cansar, que minha ausência pela arte irá incomodá-lo e que de alguma forma cada vez ficará mais difícil tê-lo por perto. E não ligo para o que dizem. Afinal, agora tenho uma inspiração para os fins de semana, e durante a semana, quero continuar pensando em você o tempo todo, ansiando vê-lo para ouvir sobre seu dia sufocante na empresa ou sobre alguma música sertaneja nova que cantaram até te tirar do sério. Quero encontrá-lo após minha rotina maluca de dança para ganhar aquele beijo que só você sabe dar, que compensa qualquer deslize anterior, quero aquele acompanhamento de orgulho e vergonha aparente quando faço algo constrangedor na presença de outras pessoas, quero passar os domingos te incomodando enquanto tenta montar o bendito quebra-cabeças. Pela primeira vez, quero fazer planos para nós, podem ser como os seus de não-sei-quantos-prazos, ou podem ser os do fim de semana, quero planejar cada minuto ao seu lado considerando que aproveitaremos o mesmo de qualquer forma. Quero continuar ao seu lado, e o mais importante, quero superar qualquer coisa com você. Quero cada vez mais nós.

segunda-feira, 14 de março de 2016

"Amor"

Há muito tempo não reflito ou parafraseio sobre essa coisa louca definida por amor. E por sempre pensar tanto, por que não tentar defini-lo? E não apenas defini-lo, mas encaixá-lo num contexto ambíguo e confuso conhecido como "eu".
Tenho certeza que ao fim do texto, um trecho clichê preencherá a última linha e aquela tentativa sofrida de roubar um sorriso lateral desses que fazem com que um olho semicerre terá sido cumprido, e fim, terei definido o amor. Ou, conseguirei esse tal sorriso ao desenvolver de todas as ideias jogadas de modo insano por aí, porque o amor é basicamente isso, um o quê insano jogado por aí, e há os loucos sortudos que acabam encontrando tais fragmentos perdidos.
Porque o amor é algo clássico, não um clássico de filmes, onde a mocinha perde a echarpe para o vento enquanto divaga dentro do conversível do moço de cabelos engomados, nada disso. É um clássico pessoal, é um algo controverso, paradoxal e opostamente semelhante. Amor é música, ora é verso de sertanejo, ora é MPB desusado. Amor é cinema, é filme de Tarantino com casos alucinantes de sexo selvagem, camisa de força e um pouco de vassalagem, e também é um pedido às estrelas de Rose (antes do navio afundar, claro). É filosofia, onde cada pensamento sobre um alguém dá voltas e voltas ao mundo, se tornam boreais e austrais para finalmente deixar claro que os pés no chão não têm a mesma graça de um amor de cabeça nas nuvens. Amor é literatura, é sensualidade de Rita Baiana, ironia de Machado, dúvida de Bentinho e inocência de Til. Amor é permissão, é deixar afastar e querer aproximar. Amor é tropeçar propositalmente, é provocar o acaso e permitir o pretexto.
Amor é saber, exatamente, como roubar o sorriso de alguém. Seja por um presente, um abraço inesperado, um recado, uma surpresa ou simplesmente, por um texto "improvisado".

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Moça, pode bagunçar seu cabelo, por favor?

Loura, dona de um corpo invejável, trajada com roupas apertadas e curtas demais para dar lugar à imaginação, senso de humor comum, pensa demais para falar ou provocar risos. Vinda do mesmo molde que a morena de cabelos longos, lisos e arrumados demais. Mas essa se permitiu colocar uma blusa mais larga, o decote exagerado ignoramos para que haja um pouco de dignidade.
Observo-as durante toda a noite, os risos serão sempre equalizados e as pernas se cruzaram simultaneamente enquanto encaram um alguém do sexo masculino à sua frente. A cada dois minutos alisarão os cabelos com a ponta dos dedos e a cada tragada no cigarro que mantém por perto, irão fazer um comentário aleatório de algum assunto que pescarem durante a conversa. E o fizeram. Porque a forma é sempre a mesma, e ainda sim, elas possuem o que querem, atenção de todos os homens ao redor.
Sinto falta de gente de bem, gente espontânea, gente que não se envergonha quando acidentalmente derruba mostarda ou um pouco do chopp que havia acabado de chegar. Falta de gente que discute filmes e não a quantidade de casos sexuais durante uma semana. Falta de gente que faz imitações de si, que zombam de seus defeitos e que não se ofendem quando percebem o quão importante é a tal da auto aceitação. Falta de gente que brinca com os cabelos na intimidade, que durante a noite ri de um pequeno erro e que quebra o clima criado por sua inconsciência traidora.
 E essa saudade de gente de bem continuará sendo consumida pelas roupas apertadas e pelas bebidas etiquetadas, porque a falta é porque de fato, está em falta.
Mas é como dizem: A forma é sempre a mesma.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Uma versão da Dama e o Vagabundo.

(Sim, é a história de mais um casal que me inspira. Indico "You know i'm no good", faixa número 14.)


Poderia ser uma carta ao homem da minha vida, que quando lida pode-se ouvir uma trilha sonora romântica ao funo, pássaros cantando e todas as demonstrações de romanticismo clássico e piegas da vida usual. Sim, poderia ser uma carta. Sim, poderia ser ao homem da minha vida. Mas é apenas um relato do moleque que ganhou meu coração. Dessa forma, pejorativa e rude.
"Ei, seu moleque, dá para parar de me encarar dessa maneira e abrir caminho de uma vez?", e essa é nossa frase. Poderia ser um trecho bonito de Los Hermanos, um refrão meloso de Jorge e Mateus ou uma coisa mais vintage como uma balada dos anos noventa que fala sobre se sentir vivo e essas loucuras melodramáticas de casais falsos, mas não é, consiste na frase que proferi no instante em que ele simplesmente paralisou na minha frente e me olhou como se dissesse "Essa vai para nosso convite de casamento". Ele foi diferente, e eu gostei.
Eu? Moça comum, durona de certa forma, não me via apaixonada em hipótese alguma, colecionava homens e casos, tinha um repertório pronto para quem ousasse se aproximar com intenções mais sérias e odiava homens de revista. Exato. O mesmo perfume, a mesma calça cáqui, o mesmo cabelo milimetricamente penteado, a mesma barba feita cuidadosamente e o mesmo sorriso congelado.
Ele? Rapaz de rua, andava desleixado, não ligava para vírgulas ou metáforas porque era o único ponto final desejado por todas em contos de fadas. Cabelo desgrenhado, perfume absurdamente forte, bermudas grandes e sempre em sua moto que parecia ter sido conquistada em uma aposta de bar.

E a história? Ele mudou cada detalhe em mim. A partir do momento em que o conheci era apenas ele e um resquício de nós.
Minhas manhãs apreciando a chuva, meus risos soltos, meu olhar distraído, meu novo gosto musical, minhas novas manias, minhas novas gírias, tudo era ele. Passei a acreditar em saudade, já que ele se afastava e a vontade era de correr em sua direção abraçando-o por trás, ouvindo-o resmungar sobre como sou criança. Passei a acreditar em felicidade, da maneira mais literal possível, estava feliz brigando, sendo amiga, sendo namorada, me tornando amante, sendo erro e me tornando acerto, estava feliz simplesmente por estar. Passei a gostar de dançar, já que insistiu exaustivamente na primeira vez em que fomos a uma festa decente. Passei a buscar malandragem em requinte, tinha excessos dele em meus poucos, e poucos dele em meus muitos.
Mas como o previsto, como um moleque faria, causou danos, não como nas nossas noites de discussão, mas como um alguém que desiste da felicidade por falta de comodidade. Eu jamais correria atrás dele, era durona de certa forma e não me via apaixonada em hipótese alguma. O problema é que eu estava, justamente pelo moleque que havia esbarrado uns anos atrás, e como ele me mudou, corri atrás e finalmente assumi, havia aprendido que o homem da minha vida era aquela junção de bases desestabilizadas que me fez encontrar um equilíbrio.
E hoje escrevo cartas implícitas para ele, em silêncio, claro. Porque tem um sono leve e às vezes deposita os braços em minhas pernas enquanto me acomodo com caneta e papel, e assim me faz notar que é um rapaz que já havia sido deixado, e que já encontrou. Me encontrou e se encontrou.

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Dez-e-sete.

(Indico "Muito Estranho", de Nando Reis)


Eu não procurava ninguém, não me via como um "quem". Ele, que já havia sido dono de muitos alguéns, não procurava um "quem". E nos esbarrões e nos de repentes, ele acabou sendo meu alguém. E meu alguém é imprevisível na medida do possível, é meu clichê ideal, é o beijo que busco roubar por diversas primeiras vezes. E em nossas metáforas, em nossas canções e em nossas vidas que se cruzaram, devo dizer: Meu alguém me faz muito bem! Portanto, espero que sigamos sendo suficientes e bons o bastante para compartilhar desse acaso maravilhoso que nos trouxe até aqui. Já q
ue por doze meses tenho perdido meus sentidos e ganhado minha calmaria necessária.
Há quem diga que não era para ser, alguns tropeços antes da chegada, diferenças mais que consideráveis, como as experiências (pois vinte-e-três não condiz com dez-e-sete), as vidas até então, as exatas querendo negar as humanas (Não adiantou, o emocional foi muito mais interessante que o racional) e os históricos que a vida insiste em ressaltar. Até que algo acabou dizendo que era possível se entregar ao vento. Bastava abrir os braços devagar, para que o mar se apaixonasse pela menina.

E foi dessa maneira, leve, simples e calma que nele me encontrei, gostei de características nas quais não me imaginava gostando em outra pessoa, e relutei, apesar de me apegar àquele sorriso bobo que escapa e me encanta como no primeiro olhar trocado e àquela linha tênue entre o irônico e o sarcástico que esconde em seus lábios. Me apeguei ao abraço que rouba quando nos encaixamos em nosso mundo estranho. Gostei das formas, da essência e das parcelas implícitas em seu corpo e em seu modo. Meu alguém acabou sendo muito melhor que o esperado, e mesmo que o medo das outras incógnitas me peguem, ele me traz paz, sendo o achado mais perdido que já consegui. Nos encontramos em nossa sorte, nossa felicidade diária ao lado um do outro, nossa saudade imposta na abstração virtual, nas comédias criadas pouco a pouco e em nossas emancipações casuais. Ele acabou sendo minha fonte de inspiração, ainda sim, me fazendo inspiração. Pois como um trevo, tive a sorte de encontrar, mesmo que difícil e mesmo com sua beleza única. Assim como uma busca muito bem feita, encontrei todas as respostas, encontrei abrigo, encontrei uma vida nova, me encontrei. Já que estava perdida desde que me afastei dos olhos de relance que me cativaram em um show, que diziam algo como "Você me bagunça e tumultua tudo em mim". Com ele sou clichê, sinto o que jamais consegui imaginar e dessa forma aprendi, aprendi a amar.
E foi ele quem fez tudo ter o sentido que buscava, ele deu sentido às palavras e a tudo o que tenho escrito. Pois foi o homem que eu não esperava, fez com que eu me apaixonasse sem querer, me devolveu as Dominguices, me trouxe dias leves, foi (e é) bem mais que mais um, tem sido meu acaso nem tão repentino e, definitivamente, é meu amor MPB.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Para meu novo eu, com amor.

Eu deveria abrir essa suposta carta com uma boa saudação, coloquial, com alguma piada implícita ou alguma música, e assim saberia que estaria pronta para lê-la. Mas já que conheço-a como conheço, você deve estar ouvindo seu cd antigo do Engenheiros, mergulhada em uma fossa só sua enquanto reflete sobre as voltas absurdas que sua vida tem dado. Portanto, facilitarei sua vida e serei mais direta: Você esteve vivendo errado todos esse anos.
Ok, quem sou eu para te dizer isso? Simples, eu sou você, com uma mente mais aberta, com a percepção necessária de sua vida, com um quarto mais arejado e sem a fossa poética-mas-nem-tanto.
Você está vivendo como jamais se viu, seus fins de semana parecem extensões das loucuras semanais e quem costumava estar ao seu lado o tempo todo já não está mais. Você aprendeu a amar, aliás, se permitiu aprender a amar. Você ri com mais facilidade e assumiu todas as teorias da relatividade da paixão, isto é, todas que contornam o fato de que estar apaixonado te faz um alguém melhor, exatamente pelo excesso de dopamina recebido (aquele que costumava receber quando gargalhava sozinha no pomar de seu antigo sítio familiar). Você se tornou um ser racional, de fato, porque junto com as responsabilidades aparecem os medos, a ansiedade, as vontades de cometer idiotices, e você, crescida, aprendeu que se deve pensar quando o desespero bate, aliás, espanca. Você se viu sozinha, porque alguém te mostrou que é melhor assim, e se Renato estava correto, devemos confiar apenas em nós mesmos. E finalmente, você aprendeu que se a vida precisar levá-la para um canto, será aquele escuro no finzinho da casa, aquele pouco utilizado e com muitas novas histórias.
Agora sai dessa fossa, e assuma de uma vez que viveu errado, e finalmente, encontrou seu rumo. E que independente de onde seja, estará em casa.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Que sejamos peças.

Se soubesse quantas pessoas perguntam sobre você, aliás, sobre nós durante meu dia, faria um livro sobre nossa história e distribuiria por aí. E como sempre, não sei como reagir, nunca sei o que dizer, sequer como me portar quando aquele sorriso desprevenido me pega ao pensar em você diante de outras pessoas. Caso te digam o que falo, me desculpe por sempre repetir as mesmas palavras e principalmente, por sempre utilizar uma em específico: Tropeço. Sim, a uso muito quando se trata de você, já que foi o tropeço mais bem intencionado que já dei, já que são seus pequenos tropeços e seus poréns que me encantam todos os dias, já que era de um belo tropeção que eu estava necessitando quando te achei, ou quando me achou.
Por você, me tornei quase um clichê, consigo me apaixonar pela mesma pessoa todos os dias e ainda sim continuo achando loucura ou história de roteiros água-com-açúcar, como se eu pudesse ouvir a trilha começando com Wouldn't it be nice -e eu achando que a vida andava certa demais, precisava de um tropeço- e terminando com Somewhere over the rainbow.
Por sua conta, sorrio o dobro de vezes que costumava, eu que sempre fui uma pessoa sorridente até demais, agora pareço uma personagem mal construída de desenho animado. Porque gosto de suas entrelinhas, de seus "eus" implícitos em suas manias, me pego o observando com mais frequência, e me pego sorrindo conforme você transborda em meus dias, como quando me faz gargalhar com suas piadas, ou como me permite rir de suas mil caretas durante uma conversa aleatória e como -o que jamais me imaginei fazendo- me faz me esquecer em você. Já que acabei caindo durante o tropeço e me permiti permanecer. E pela primeira vez, quis ser peça, para que enfim tivesse um complemento, mesmo que de um jeito incomum, mesmo que de um jeito nosso. Portanto não me peças para te deixar, porque mesmo dizendo que quem cai sete vezes levanta oito, acabei levantando tantas que dessa vez quero permanecer onde cai, já que quando perdi o chão, me encontrei.
Caso esbarre com um alguém que perguntou sobre nós e que deveria ter nosso "livro", não pergunte sobre os termos utilizados para nos definir, apenas aceite o fato de que quando tropeças, às vezes acaba encontrando seu encaixe.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Só quero que fique.

Primeiramente, você realmente me pegou! E flagrou minhas últimas desculpas para fazê-lo ficar, e como todas as vezes preciso de uma, devo assumir que meu repertório cessou. Em segundo, quero deixar claro que depois que você apareceu, tudo ficou turvo, tudo precisava de um motivo, aliás, meu motivo é você e tenho certeza de que será por um bom tempo. Agora só me resta ser sincera, e dizer o que sempre passou pela minha cabeça todas as vezes em que arrumava suas coisas para sumir porta afora e serei honesta pelos motivos os quais quero que fique. Pode se abismar, eu aguento sua inclinada de cabeça sarcástica após lhe contar tudo o que me faz querê-lo tanto, coisas que jamais me via dizendo para um alguém que mal chegou e se acomodou tão bem.
Então se eu disser que me viciei em seu abraço e que sem ele não durmo, você fica? Porque se não for convincente, digo que preciso de seu cheiro colado em meu corpo sintetizado por seus suspiros à minha nuca para ter um dia bom. E falando em dia bom, é do seu "Bom Dia" que sinto falta quando se ausenta nas minhas manhãs. Se eu disser que meus sorrisos espontâneos aparecem muito mais desde que você chegou, você fica para presenciar cada um deles? E se eu disser que gosto quando você se acomoda em meu colo enquanto conta algo de seu dia e de sua vida, você fica para deitar mais uma vez e contar sobre o quão patético é meu sorriso voltado para você? E se não bastar, digo que você me fez acreditar em tudo o que me via evitando há muito tempo e que agora me vejo tendo outros medos relacionados a não te ter por perto, e aí você fica para zombar de minhas novas manias previsíveis.
Caso minha sinceridade não tenha te convencido, façamos o seguinte: Você fica enquanto explico cada uma das desculpas e enquanto penso em outras, você fica um pouco mais.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Botec-amor-es

-Chegue mais perto, puxe uma cadeira, já pedi uma cerveja para você, jogue a bolsa para lá, reservei seu lugar aqui e guardei a história certa para essa noite.
Vou contar sobre a maioria das pessoas que se entreolham nesse momento, enquanto brincam com seus copos, refletem algum assunto aleatório e deixam escapar os sorrisos. São "botecamores", isso mesmo. Surgem aqui, com um sorriso ou outro, uma história ou outra, e às vezes não chegam ao fim, o que depende se estamos falando do fim que vale algo, ou daquele fim sobre aluguéis e mudança de endereços. Porque amores válidos não trocam somente beijos, trocam cultura em papos noturnos, trocam risos nas mediações mundanas. E começam com um brinde aqui e ali, quando as canecas se levantam e pode-se ouvir "à mim, à você", ceticismo vai, ceticismo vem, contos antigos vão e vem, e a noite termina "à nós". Aqui encontramos todo "E se", e transformamos em todo "Dessa vez será". Aqui encontramos poetas, escritores de guardanapo, leitoras de embalagens, artistas de banco, historiadores feitos de cevada, amores que se constroem no álcool e se dissipam em lágrimas, talvez suor e raramente em alianças. Aqui se esvaem histórias sobre todos e quaisquer "ex", e sobre os "es", já que ela seria dele E de mais alguns, já que passariam a noite juntos E ela decidiu abandoná-lo, já que era para ser o futuro E eles, mas se apegaram demais ao passado para que se pudesse criar sequer um presente. Como as melhores histórias começam das mais variadas e aleatórias maneiras, aqui não seria diferente. Os mais diferentes (e estranhos) casais se formam, ela, desastrada, distraída. Ele, centrado, seguro de si. E entre eles, uma, duas, três cervejas e um, dois, três amigos em comum que insistiam em dizer que de um jeito louco, eles combinavam. No fim, sempre a mesma investida, durante uma história traçando o elo entre boteco, amores e todos os poréns alinhados, são os dedos quem ganham a intimidade e é tocando naquela pulseira ou naquele anel que o primeiro choque ocorre, e então, desce mais uma, para mais um dos casais relatados porque esse, sim, será amor.

-Minha cerveja acabou, pode pedir outra? Estou prestes a contar sobre meu botecamor, mas primeiro, pode devolver o anel que pegou enquanto eu falava? Aproveite e veja mais de perto minha pulseira...

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Nem todo sempre precisa ser sobre sempre


(Sim, é a história de mais um casal onde todos deveriam se inspirar. Já que todos puzzles deveriam possuir peças erradas.) -Indico a faixa número 6 - I'm yours de Jason Mraz.


E se eu pudesse descrevê-la em uma sentença, ela começaria com "Às vezes", e em seguida colocaria alguma foto da coleção que possuo dela em seus momentos mais aleatórios, porque às vezes ela era meu sempre.

às vezes ela me deixava eternizar seus sorrisos mais lindos...

Ela apareceu para mim como o Sol aparece em dias chuvosos, vagaroso e tímido, e quando aparece, muda cada parte de cada canto e foi exatamente esse efeito que ela causou em mim, dessa maneira. Assim como o Sol, loura, radiante, chamativa, apesar de ser aquele dia ensolarado com ventania inexplicável, já que era totalmente oposta à mim, louca de tudo, aproveitava sua pouca idade ao pé da letra, dançava sozinha, dançava acompanhada, se fazia música, se fazia festa, ria alto, não negava um papo bobo ao lado de uma cerveja barata, teimosa, briguenta quando se tratava de causas justas. Era como uma versão desses puzzles, e para completar minha peça, fizeram uma colorida com partes atenuadas demais para minhas partes mal acabadas.
Ela era aprendizado e era ensinamento. Me ensinou a dançar valsa, aprendeu pagode, me ensinou a amar, aprendeu a ser amante, me ensinou a remendar a boa conduta, rasgou meu bom senso, me ensinou a aprender, aprendeu me ensinando. Ela era dona de nosso sempre, que às vezes durava apenas uma noite, e ainda sim, me fazia acreditar que o "para sempre" sempre vale a pena, por menor que fosse.
Às vezes cedia e deixava de ser a moça durona que todos conheciam, às vezes era frágil, me deixava fazê-la se sentir segura apesar de toda blindagem. Às vezes se permitia relevar, e me deixava ser o homem da casa. Às vezes se relacionava e assumia, finalmente deixava de ser a moça que o vento carregava para todos os lados. Às vezes deixava de se cuidar e se tornava cuidado. Às vezes largava seu vinil da Joplin e me deixava colocar o pen drive com todos os sambas possíveis. Às vezes abandonava seus receios e amava sem barreiras ou paradas. Às vezes me deixava abraçá-la para que a dor passasse quando a música dele tocava. Às vezes a queria por um dia ou uma semana, e, às vezes a queria para sempre.

Ah, o sorriso

Fã de carinho mensurado, de demonstração de amor e de ocorrências. Prazer, a amásia do sorriso.
Para alguém que sempre gostou de carinho, afeto, afago e apego, nada mais justo que uma bela combinação de demonstração de amor com um sorriso, seja ele como for. Porque sorrisos são como achados em corações, pois há os completos, incompletos, vazios, tranquilos, calorosos, apaixonantes e suaves. Sorrisos são a primeira impressão -e que impressão-, e há os que precisamos fazer uma forcinha para que apareçam, porque quando se mostram é como se o mundo parasse e admirasse aquele momento.
E há os que se julgam sorridentes demais, que chegam a se ver constrangidos por sorrir tanto. Moço, teu sorriso é a salvação dos dias, é nele onde me encontrei e é exatamente onde permanecerei.
Sorrisos são calma em tempestades, são a conjugação mais-que-correta do verbo "Encantar" no presente/passado e futuro-mais-que-perfeito. Sorrisos são a base de uma estrutura muito bem montada delimitada por olhos, porque se os mesmos são a porta da alma, os sorrisos são a porta do coração, e deixando claro, são poucos os que fazem o meu derreter, e esses poucos transformam segundos em muitos, e em válidos.
Ah, o sorriso é capaz de roubar outros mais, de tirar lágrimas, de aquecer o frio interno e o mais importante, de furtar os corações em busca de algo para fazê-los notarem o que há de belo e um segundo onde os cantos dos lábios se arqueiam. Que sejam os acompanhados de covinhas, os levemente curvados, os acompanhados de cores fortes, os delineados por lábios bem formados, os que se fazem presentes em momentos extraordinários e que sejam poucos, que sejam válidos e que nos façam sorrir.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Sem querer se encontraram

(Também sem presença na playlist, porém, indico "Better Together" de Jack Johnson)


Me conte: Você já olhou para a lua e avistou a figura de um coelho? Reza a lenda que se sua resposta for "sim", você certamente está ou esteve apaixonado. E essa poderia ser mais uma história sobre como Afrodite agiu em mais um casal digno de roteiro cinematográfico, ou como o cupido flechou um casal feito para ficar junto. Mas não, é só sobre um suposto coelho, sobre amigas que compartilham o pote de ouro, e sobre como um casal pode incentivar tantas pessoas.
Ela, típica loura que rouba a atenção, dona de um sorriso espontâneo alucinante e de uma energia que contagiava quem quer que a visse. Ele, ladrão de olhares de quem quer que fosse, dono de um histórico de longo relacionamento e de uma alegria de invejar. E entre eles, a lua, idas, vindas, amigas que defendem ou não um suposto futuro relacionamento, bebidas, festas, amigos em comum e uma rua.
Mas em meio a tantos poréns e tantas vírgulas, houve um "e se", e uma festa acabou fazendo dos dois os melhores companheiros, melhores amigos e melhores amantes que se pode encontrar. Compartilham beijos, tapas, abraços calorosos, abraços frios, olhares apaixonados, olhares que se perdem no instante em que se encontram. Os que observam a felicidade iminente de ambos desejam o mesmo, são feitos de histórias e amores, um amor inexplicável, um amor só deles.
E apesar de não acreditarem na loucura de darem certo, houve um tal de acaso, ou de destino interferindo. E ela, bailarina acabou roubando o coração dele, espectador. Eles que juntos formam o que todos buscam, sem roteiros, sem melodramas, sem incompreensões, são um amor do simples, do puro. Um amor sem poesia, com muita emoção e muita paixão. Um amor sem exceções, o amor medido de maneira errada, que transborda a cada encontro, o amor que todos deveriam ter.


E para quem não se viu achando o coelho da lua, tudo bem. Talvez você precise de um empurrãozinho de seu vizinho chato. Porque as melhores histórias começam com "Sem querer", e sem querer ele roubou um beijo em uma festa, agora, sem querer, ele é o excesso de um alguém que se via sendo pouco. 

Me curta enquanto estou aqui

A modernidade, a velocidade da informação, esses tais "Tempos Modernos" não são para mim, definitivamente. Sou arcaica para com as relações, adoro um abraço caloroso, uma piscadela distante e até mesmo um aperto de mãos mais refinado. Gosto de troca de olhares, troca de perfumes que se misturam com a aproximação durante conversas pessoais e a troca de toques que ocorre durante um flerte. Gosto de atenção notória, daquelas em que temos noção de que estão nos admirando, de que estão de fato curtindo nossa presença. Curtindo, o verbo mais pejorativo e mal utilizado ultimamente, pois casais devia estar curtindo o amor no reservado, no sussurro de algo interno ou num encontro de beijos, ao invés de curtirem seu amor imoral de rodas (e redes) sociais.
O tempo é dono de tudo isso, e deve ser aproveitado ao máximo, desde os milésimos aos segundos, o amor deveria ser entregue por segundos e por espaços que com o tempo se dissipariam. E o problema tem estado exatamente nesse ponto, o tempo foi esquecido, e as pessoas aproveitam-no por horas e dias, como casais que se vêm e preferem se manter presos em suas rodas sociais à divagar pelos segundos ao lado um do outro. Porque curtir um alguém, hoje em dia, é amplificar a boa imagem por meio de um clique, é contado pelo tanto de amigos que vêm sua suposta felicidade ao lado de quem ama. E deveríamos contá-lo pelo tanto de vezes em que tiramos o ar de alguém num beijo, ou pelo tanto de vezes que você se pega enroscado no cheiro da nostalgia, no enlace da saudade do toque.
Portanto solte seu celular, esqueça que você precisa curtir alguém de maneira figurativa e se deixe ser curtido, deixe seu corpo ter um fã, deixe seus sorrisos terem um motivo real, já que até mesmo o abstrato precisa ser sentido. E peço, aliás, imploro: Me curta enquanto estou aqui. Sou arcaica e presa às relações reais, apesar de sempre gostar mais de contos de fadas, tais quais até mesmo seus personagens curtem uns aos outros pessoalmente. 

Ela me olhou e não resisti.

Hoje tirei meu tempo para observá-la, não quis pensar em nada a não ser nela, em desvendar todos os mistérios daquele olhar calmo, descobrir o motivo por trás de tanta alegria, precisava entender o que me cativou nela.
E observei cada detalhe, até mesmo quando ela reclamou do meu silêncio enquanto a encarava. E pensava comigo "Ela rirá alto de tal piada, irá brincar com a embalagem da garrafa, agora procurará por meu olhar e quando achá-lo, vai sorrir abertamente", sim, eu estava acostumado com suas reações, e percebi estar encantado pelas mesmas. Adorava quando abria bem os olhos para prestar atenção em algo, e como quando se incomodava com algum comentário sempre voltando o olhar para o chão. Bebia sempre a mesma vodka, e toda vez que se deparava com um alguém novo, oferecia em busca de algo em comum para que a intimidade se tornasse mais fácil. E reclamava, muito! Odiava quando a abandonava com pessoas rasas, não gostava de permanecer em um assunto por uma tarde toda e fazia o possível para escapar do ultrajante. E no meio de todas, era a das roupas largas, da cerveja direto da garrafa e da postura mais relaxada, porque não fingia ser extremamente comportada, era transparente. Os cabelos bagunçavam com facilidade, até mesmo quando tomava um tempo maior para arrumá-los, e não se importava em mantê-los alinhados ou corretos o suficiente para fugir dos olhares indelicados, eles eram assim e ela deixava. Cantava empolgada as raras músicas que conhecia por inteiro, fazia "air guitar" e se divertia torcendo para que o volume fosse aumentado por alguém. Quando sozinha, observava cada pessoa, sorrindo à distância para os acontecimentos aleatórios e vez ou outra, a flagrava olhando o que ela chamava de "meus cantos invisíveis do corpo", gostava de cicatrizes e nunca soube o porquê, mas em todo abraço, se aproveitava delas com toques suaves e discretos.
E em meio a tantos detalhes que adorava nela, esqueci do mais importante, daquela olhar distante que me pegava desprevenido. Afinal, eu poderia citar mil e um motivos e mil e uma manias, mas precisava apenas de uma para entender o porque havia me apaixonado tanto pela moça mais moleca que já havia visto, aquele olhar que me mirou e me acertou em cheio quando nos vimos pela primeira vez. Simplesmente o fato de ser ela bastava para um desentendido, que já havia entendido muito sobre meninas e que se via tentando entender aquela mulher.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

"Me fez muito bem te ouvir"

(Essa não se vê presente na playlist, mas caso seja possível, favor ouvir "Vamos fugir" do Skank.)



Sempre acreditei nessa coisa de "Fazer o bem, faz bem", apesar de nunca ter tido uma experiência concreta do mesmo. 

Até que consegui, cuidei dele. Como devia ter feito desde que nos conhecemos, como devia ter feito desde que o vi se perder em amores inúteis, em mares turvos demais para um coração muito lago, muito calmo. Já o vi mergulhar de tantas maneiras em ferraduras de cavalo, já o vi procurando trevos com exatas quatro folhas, já o vi buscando um alguém que fosse digno de um coração tão grande, tão maravilhoso. E dessa vez, cuidei para que seu mergulho fosse daqueles revigorantes, o permiti lavar a alma, já que ele sempre me segurou, já que possuo um dom inestimável para tropeços. Cuidei para que a sorte viesse juntamente do acaso.
Ele se via feliz, estava com aquela que o fez sorrir demais, enquanto nos via de abraço em abraço. Eu, perdida em quaisquer overdoses. Ele, perdido em mil amores. E pela primeira vez, estagnei, me vejo feliz, completa. E precisava vê-lo do mesmo jeito, já que é meu confessionário pessoal, aquele alguém das madrugadas, aquele meu grito no vácuo que era seu abraço. Onde confundíamos nossas alturas e nossos perfumes.
E justamente nessa madrugada, ele se emancipou. Aprendemos juntos que certos amores são feitos para ensinar, outros, para estagnar os que se viam perdidos. Pois há três anos caminhamos lado a lado, vivemos por fases e passagens, e pela primeira vez, vivemos de fato.
Deveria ser meu pequeno, mas é meu grandão. E tem me ouvido há certo tempo, e agora que vivemos, ele diz com convicção: "Me fez muito bem te ouvir".

Essa é aceitação de canto a canto.

A culpa é uma invenção alucinógena de alguém que buscava matar as pessoas de remorso, ou algo do gênero.
Ela é tatuada, fuma (e muito), usa certas substâncias -não tão corrosivas, todas confortantes para seu coração machucado, estraçalhado-, faz do álcool um de seus melhores amigos, foge sempre que possível, se isola em seu mundo musical quando convém e é feita de receio quanto às pessoas. Mas a culpa não a consome, porque as pessoas precisam aprender a aceitar suas decisões, e se tem algo que ela ama, são seus maus hábitos, suas curvas exageradas, a cicatriz extremamente irregular em seu braço. Porque ela é feita de aceitação, já que diz ser colocada no mundo para amar a si antes de qualquer um. Em suas tatuagens, impõe histórias e relatos de quem vive e aprende. Em seus piercings, se lembra da mutilação que a alma já teve pela metáforas mais que alegóricas dos instantes de insanidade (ou sanidade). Cada cigarro que traga com voracidade é desespero de vício metamorfoseado, é amor corrompido, quase ódio, quase medo. Sua conduta não tão aceita é desaforo de drinks, é alusão de álcool. E a culpa, aquela feita para fazer os de bem vacilarem, não anda com ela. Já que ela é aceitação, de canto a canto.

Me perdi nas linhas desse texto

Moça, se permita abandonar seus guias, suas bússolas e seu bom senso.
Em certo momento de nossas vidas, acabamos descobrindo que para encontrar nossos rumos, é preciso nos emanciparmos do mesmo. Tal ironia definida pelo fato de jamais o tentarmos para descobrirmos a realidade por trás da mesma.
Esse momento da vida chegará quando você simplesmente não tiver noção alguma do que o futuro reservará. Onde estará, ao lado de quem estará e o porquê ali estará. Eis que se encontrará, porque uma das melhores coisas dessa vida são encontradas, e se um dia as encontramos é porque em algum momento foram perdidas. Como a meia que perdemos nos lençóis durante as noites frias, como o juízo que perdemos com um alguém, como o pudor que perdemos vez ou outra, ou a coragem que encontramos para certos lapsos, assim como a felicidade que encontramos pelos perdidos que a vida nos dá. Portanto, permita-se se perder, e finalmente, encontrará algo. Nem que seja o motivo pelo qual se perdeu.