segunda-feira, 6 de junho de 2016

Ela é acorde

(Indico 3x4 do Engenheiros do Hawaii)

Ela conhece o mundo, os que ele habitam, os que já habitaram e os prováveis futuros habitantes, mas não se conhece, ainda busca descobrir de onde veio e o porquê. Até que pôs play em sua playlist e ouviu sua essência, seu modo de viver e sua história.
Exatamente, ela é um acorde, aquele em que as unhas raspam nas cordas da guitarra e acaba por causar arrepios em que quer que esteja ouvindo, ao mesmo tempo é aquele certeiro, suave, o qual tudo para e sua atenção se volta para o mesmo, também um fragmento daquele acorde ocasional que traz a harmonia necessária para o momento.
Vinda de um sussurro musical e uma junção das letras mais conceituais já criadas, vivia da maneira mais  paradoxal entre acreditar que tudo era para sempre sem saber que o para sempre sempre acabava de Cássia e pagar seus pecados por acreditar no terno de viver uma só vez de Gessinger. Amava como se tivesse guardado para ele o amor que nunca soube dar, como se Nando a tivesse ensinado, por justamente ter sido ele quem a fez ter crença no amar sem medo. E justamente ela, medrosa que só! Medo de se entregar, pedir e calar, medo de concordar com Lenine que o medo não a deixa andar. Jovem, machucada pelos diversos esbarrões frontais nos moinhos, das quedas dos cavalos em que confiava, da crônica teatral de amor ilusória, muito prazer, chama-na de otária, já que sua única vez como protagonista de uma história de amor, na realidade passou de uma figurante buscando confiança, carregando dessa forma todo o peso daquele Chão de Giz que acompanhava-a durante os meros devaneios tolos amorosos definidos por Zé. Apesar de qualquer porém, aprendeu a afogar a calma salivando os beijos dele, como se Gadú os tivessem apresentado, aprendeu a amar, passar noites na cama certa e acordar na mesma. Ah, ela era linda assim deitada, com a cara amassada descrita por Iorc. E bastou encontrar alguém para que se tornasse sintonia, música lapidada, finalizada e sem mudanças de estúdio, até porque exagerada como Cazuza, é música simplesmente por ser artista no convívio dos que se propuserem a ser reciprocidade de seus ridículos e intolerantes amores falhos. É, fui sincera. Como não se pode ser.