quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Sim, é outro sobre o fim do ano.

(Como é o último texto do ano, por que não algo mais "minha cara"?)

Esse é especialmente para você que reclama de quão ruim seu ano foi, que diz que trezentos e sessenta e cinco dias foram desperdiçados e que nada mudou. Portanto, leia e sim, fique à vontade para me dar ou tirar a razão.
Como você calcula um ano? Para responder, pegue um papel, e anotemos juntos.
Talvez por meio de vezes em que você se sentiu vivo, então coloquemos vinte, ou trinta. Ou por meio de amores completos e incompletos que você encontrou no ocorrer dos dias solitários, acrescentemos quatro. Ou por meio de insanidades que jamais se imaginava fazendo, mais seis na conta. Ou por meio das vezes que seu chão sumiu, finalize a conta com treze.
Agora, rasgue o papel. Afinal, consideraria os dias em que gostaria de ter permanecido em sua cama, sem os riscos passionais da vida lá fora? E quanto aos dias em que gostaria de ter vivido mais vezes? E os segundos que duraram eternidades, a qual você consome na memória nos dias de ócio e ódio? E os segundos que por mais rápidos que tenham sido, valeram mais a pena que dias inteiros em má companhia e erros repetitivos? Porque toda noite, quando o relógio zera, são os segundos que contam e que fazem a diferença, como nos detalhes, que ínfimos, ainda de extrema importância.

Então que consideremos os segundos, porque esse ano errei em segundos, em milhões deles, na verdade. Acertei em mil. Amei em trilhões. Chorei em outros mil. Aprendi e cresci em infinitos, já que o incontável nos faz acreditar que podemos alcançar algo, a maldita da esperança que sucumbe almas vazias. E por incrível que pareça, devemos agradecer aos momentos juntos da maldita da esperança, pois por eles estamos onde estamos e somos moldados pela mesma. E em apenas um para que eu me emancipasse da dor passada, porque o passado tem a mesma função do papel que rasgamos. Ele existiu apenas para refletirmos e então o abandonarmos definitivamente. E bastou outro para que eu voltasse a acreditar que é possível, sim, dividir a felicidade.
Portanto, devo dizer, não vivi trezentos e sessenta e cinco dias. Mas, definitivamente, vivi trinta e um milhões e quinhentos e trinta e seis mil segundos.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Que aluguemo-nos

"Eu acho que falam sério quando dizem que o amor não se compra, agora sei que posso alugá-lo"
E é sobre nossas vidas serem transformadas por algo que falo aqui.


Especificamente, é sobre a frase da canção "I'll cover you" do musical Rent. E claro, nada mais justo que eu falando sobre musicais, e amor.
Alugar algo sempre soou tão "adulto", tão literal. Até que aprendi a alugar talvez algo muita mais figurativo que a própria explicação do literal. O amor entre grandes amigos, onde um abraço consome toda negatividade, onde aquele sorriso caloroso amortece todas as pancadas diárias.
O amor ocasional, daquele que te confunde, e te faz querer esquecer, conhecer, querer. É, moreno, falo sobre a confusão que você me traz, e sobre como acabei gostando.
O amor pela vida, que você aluga toda vez que se vê feliz pelo simples.
O amor pela novidade, por aventuras diárias, por gente simples, por sorrisos instantâneos, por amores momentâneos, por músicas de fim de tarde, por cheiro de chuva, por bolinho de chuva de avó, por um alguém que apareceu apenas para te ensinar como se aluga certamente. O amor que antes comprado, se fazia mentira, se fazia erro.
O musical mudou minha vida, e todos implícitos em todas características continuam mudando todos os dias. Portanto, que possamos alugar cada vez mais gente, cada vez mais amor. 

Todos temos um lado artista

Dizem que artistas fazem de sua arte uma válvula de escape, e que os completos de arte, tem apenas uma como refúgio. E devo dizer, eu que sempre me julguei boa com as palavras, me vejo fugindo das mesmas enquanto falo, e utilizando-as ao máximo quando escrevo. Portanto, é delas que utilizarei para explicar a essência de vossa confusão.
Desde sempre, sou feita de arte da cabeça aos pés, sou adaptável a quaisquer que sejam. Magrela para a dança. Sem ritmo para o canto. Estabanada para a atuação. Desastrada para o desenho. Avoada para a música. Corajosa o suficiente para todas. E digo mais... É de arte que viverei, e é pela arte que me apaixonei. Já que essa coisa de ovelha negra da família me condiz (Ah! Rita, obrigada por me definir). Gosto de amar o que quer que seja, de me trajar absurdamente, de me mover sem medo, de abandonar os pudores. Chega de números! Quero mais histórias, mais relatos, menos Einstein, mais Neruda, mais absurdos, mais polêmicas, mais desapego, menos previsibilidade, mais surpresas. Gosto de me soltar quando convém.
E como artista, devo dizer... Gosto de gente de bem! Gente que senta com as pernas abertas, braços descruzados, sorriso largo, riso extravagante, gente que bebe com facilidade, gente que assume o que é, gosto de assuntos que causam à tona, de conversas que rendem devaneios, não gosto de homem, não gosto de mulher. Gosto de gente! De povão que canta alto, que se vê sem jeito as vezes, gente que divaga com clareza, gosto dessa coisa de amar o que aparece, gosto do artista casual.
E se em cada um existe um artista escondido, que ele seja liberto, mesmo que por um dia, mesmo que por uma noite. Porque é de gente sem pudores que o mundo precisa.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

É, morena

Hoje acordei feliz, sem entender o motivo de tanta felicidade. Até que te encontro e me deparo com aquele sorriso revigorante que chegou para ficar e se fazer presente o tempo todo, afinal, é um sorriso recente, é um sorriso que diz: "Finalmente a encontrei".
Já o vi amar de todas as maneiras possíveis, já o vi ser estrago, tumulto, bagunça e desespero em corações. E já vi seu coração sofrer quando decidiu se jogar de cabeça, e seu problema foi mirar em pessoas rasas, e entrar em labirintos em busca de horizontes. Também já o vi atirar e ter a bala ricocheteada para si, o vi com medo e o vi dando medo. Mas dizem que o tempo entende o que faz, e passei a acreditar quando aquele sorriso apareceu por conta dela. Ela, que é parceria, é aventura, é erro, é acerto, é a fuga das balas perdidas que ele fez questão de encontrar. Ela que todos julgavam mais uma na lista colecionável, mais uma nas noites cheias que resultavam em
manhãs vazias. Ela que agora fazia dele um alguém de músicas calmas, filmes tranquilos e riso solto.
Ela é diferente de um modo parecido, também gosta de jóias, de carros caros e de roupas de marca, mas também se suja sem medo, bebe como se deve o fazer, faz amizade com facilidade, não tem ciúme de toda mulher que se aproxima, e se faz liberdade. É, ele achou sua morena que faz piada sozinha, que ri alto e bebe com seus amigos.
Sua felicidade me trouxe felicidade, me trouxe paz. Eles estão felizes, uma felicidade sem rótulos, umas felicidade apresentável, onde ele a apresenta como "sua". Sua música que toca repentinamente, sua gargalhada em bares, sua calmaria, sua paz, sua morena.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

E brindemos

O ano está chegando ao fim, e me decidi por escrever a respeito dessa loucura de planejar um ano inteirinho. Sou suspeita para falar sobre, assumo. Afinal, está mais que claro que sou fã da espontaneidade, das surpresas e do inesperado.
Meu ano foi, em uma palavra, louco. E sim, eu havia o planejado quase que inteiro e sequer cheguei perto de cumprir com tudo. Porque, ironicamente, não colocamos à nossa "lista": conhecer um mundo novo, um novo eu, um novo alguém, uma nova música que passa a mudar seus pensamentos, uma nova lição, uma nova amizade, um novo ano. Geralmente nos prendemos ao: arrumar um emprego, focar nos estudos, não se apegar, não se deixar levar, aprender algo útil para a vida profissional e ponto final. Eis que finalizamos a lista e junto as possibilidades de nos surpreendermos. Cresci uns dez anos em doze meses, aprendi muito com muita gente, e foi sem querer, sem prever.
Rasguei minha lista lá para julho, me permiti desapegar dos planos porque cresci, e descobri que a cada dia mudamos nossos pensamentos relacionados à algo. E mudei, intuitiva e ocasionalmente, o que agora aconselho todos a fazer, deixar que as mudanças nos transformem.
Para o ano que se aproxima? Rasgar a lista. É o começo, o meio e o fim de minha lista, já que me permitirei mudar, mudar a vida de alguém, fazer a diferença em algum lugar, de alguma maneira. E no fim, agradecer por tudo o que aconteceu, desde as piores coisas, porque são elas que fazem com que as boas sejam tão valiosas. E que venha mais um ano e com ele, mais possibilidades, para que aprendamos a brindar, pelo pouco, pelo muito, pelo ano.

Meu melhor lapso.

Se Nando se embaralhou para falar de Cássia, imagine o quanto não me perderia para falar sobre ele. Ele, que em meio a tanta confusão e tumulto, se tornou minha paz. Sim, minha paz é morena, engraçada, um pouquinho charmosa e estranha, muito estranha. Devo dizer, há uma semelhança na nossa... estranheza.
Um acaso maravilhoso, eis o que ele é. Daqueles que de um jeito ou de outro eu esbarraria, e por sorte, foi justamente quando tudo buscava um equilíbrio inexplicável. E foi justamente aquele sorriso que me chamou atenção, que roubou meu interesse pelo cômodo e me fez querer o novo, aquele sorriso que me acalma de longe e que de longe, me dá saudade. E temos tudo para sermos outra história desses casos absurdos que comentam no cotidiano, onde dizem que ela é pouco para ele, ou que ele possui interesses exteriores relacionados a ela. Mas essa história tem sido contado há um bom tempo, sobre ela, que é tormento e barulho, que se encaixa nele, que é calmaria e orientação (Deixando claro que as melhores histórias são repletas de atenuações).
Um pouco clichê, de uma maneira surpreendente. Acabei gostando, muito. Meu lado "careta" tinha um admirador, aliás, um alguém para compartilhar cada detalhe dessa estranheza. E finalmente podia falar sobre minhas histórias rodeadas de bebida, arte e música boa. Já que foi ele quem fez Nando, Cássia, Baleiro e Gadú finalmente fazer sentido.
E de todas as maneiras que o mundo poderia me apresentar a ele, acabamos passando por todas e permanecendo na mais previsível-não-previsível, pois aquele sorrisinho bobo de estacionamento se tornou um parceiro de dança, um parceiro de cerveja em bares rodeados dos modões que tanto gosta e um caso de tardes tranquilas, onde me esqueço e me encontro nele. Agora sou quem sempre quis ser, eu. Me deixa ser boba, me acalma, me atormenta, me faz acreditar que mesmo que o tempo passe, os melhores momentos ficarão.
Fomos feitos de música, teatro e magia, portanto se entre eu e ele há acasos, que em nós haja ainda mais sorte, mais música e mais magia.



terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Um pedido

("Ela aparece as vezes e compensa todos os dias que estou sem ela", ele disse. E me inspirei. Indico a faixa número 13 - Me and Mrs. Jones)


Fica, só por hoje. O amanhã a gente esconde embaixo do colchão e pega quando amanhecer, junto com nossos contos de madrugada. E se no amanhã não existir nós, a gente deixa no rodapé, como a observação de um capítulo que revisaremos qualquer dia. Porque hoje você pode (e deve) ficar.

Pode chegar tarde, não vejo problema, venha cansado, venha irritado, venha chateado, mas venha, e eu prometo dar um fim ao seu estresse, nem que seja fazendo-o rir de meus trajes antiquados para a ocasião, ou contando sobre meu dia que provavelmente estará repleto de "eu cai em tal lugar, bati a perna em tal quina, ri de tal criança na rua, sorri para fulano em tal lugar" dentre outras coisas que sabe que tenho um dom magnífico para atrair, como senhoras loucas para compartilhar suas vidas de tricô e problemas familiares e gente irritada de fila de mercado.
Então vem, te acalmo com as histórias de meus acasos enquanto você analisa minha hiperatividade exagerada pelos cantos da casa, já que se acostumou com minha mania teatral de relatar fatos específicos. Deixa a blusa pra lá, por favor, não gosto de arrumação mas me encontro em minha bagunça. Esqueça sua rotina cheia, senta aqui no sofá comigo, coloque minhas pernas sobre seu colo e se distraia, sinta esse seu sorriso maravilhoso abrir durante nossas conversas. Posso colocar blues hoje? Vamos ouvir Gaye, Bublé, Amstrong, King e Johnson. Hoje nos misturaremos ou posso só recostar em você? Vamos nos entrelaçar durante os risos que esvaem quando relembramos as noites frias com as meias até os joelhos onde você esquentava minhas mãos. Pegue meu celular, por favor, vamos rir de algumas pérolas de redes sociais e comentar sobre nossos amigos em suas vidas impecáveis. Quero ler algumas coisas, me mostre seus textos, vem, compartilhe sua vida que a gente acaba se entendendo nos esbarrões que ela dá. E vem, chegue mais perto, beije minha testa para que eu sinta sua barba mal feita se fazer presente enquanto te conto a história por trás da composição das músicas que preenchem a noite, são antigas mas são boas, pode confiar. Posso ser criança com você? Deu uma vontade louca de correr pelos cômodos e descansar em teus risos, e de te provocar com alguns de nossos predicados. Aliás, adoro quando volta toda a atenção para mim toda vez que conto minhas histórias não-tão-fascinantes, e por que aquele sorriso suave que aparece me intriga tanto?
Então fica, porque essa noite é em teu cheiro que irei me afagar, e em teus braços encontrarei conforto. Pode jogar o travesseiro pra lá, contigo não preciso de nada que me acompanhe durante os dias sem você.  Caso eu pegue no sono, pode só me me abraçar forte para que seu perfume fique quando você for só uma noite das que me vi feliz?  Ou façamos como sempre, você aproveita sua vida longe daqui e finaliza comigo as noites, os dias e as histórias.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Deixe-o planejar

Ele não abre a porta do carro para você, não leva flores, não manda mensagens fofas durante a noite, não a presenteia com frequência. E você se sente culpada por gostar dele.
Mas como dizem, cada um é de um jeito, e sei que todos os outros eram passivos de suas exigências, e seus caprichos. E você os abandonou, encontrou defeitos inexistentes e exigiu detalhes inalcançáveis. Então dessa vez, segure! Ele é diferente, te faz gargalhar com uma facilidade jamais encontrada, te deixa sem chão sem esforço algum e por incrível que pareça, faz com que você se sinta mais especial que qualquer outra que já teve.
Priorize suas qualidades, ele a deixou dirigir sua moto -que jamais havia sido guiada por outro alguém-, ele a cativou com seu gosto musical, afinal, quem ouve Joplin, Floyd e Hendrix nas condições atuais? Segure, mas segure com força! Seus amigos a adoram, e conhece o histórico, você acabou sendo exatamente quem é e funcionou. Sua jaqueta favorita está em torno de seus braços, qual outra a usou? Por você ele passou a ouvir jazz e aprendeu a dançar calmamente, parou para pensar quantas vezes ele já aprendeu pela primeira vez? Exatamente. É com você que ele quer passar o domingo a noite, é de você que ele precisa para esquecer todas histórias mal consignadas de noites insanas. E você quem ele ensinou a beber seus drinks de adolescência confusa e com você ele aprendeu a ler sem obrigação. 

Portanto, não solte dessa vez, porque se ele não abre a porta do carro, é porque suas mãos estão ocupadas procurando sua música favorita para que entre no carro e se deixe levar pelo momento criado. Se durante a noite as mensagens não aparecem, é porque está ocupado lendo os textos que aprendeu com você. Se os presentes frequentes não aparecem, é porque não quer ser mais um ao lado dos que você coleciona de forma intuitiva. Então acredite quando ele diz que dessa vez vai ficar.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Hoje tudo está organizado, demais











(Indico, para este, a faixa número 21 - Drops of Jupiter)


Já que toda história fascinante sobre um casal específico é composta por um mau elemento, e uma vítima de charme excessivo e adrenalina em grande quantidade, devo dizer, fui a vítima. E ela foi o pior elemento que eu poderia ter encontrado, é como entrar em uma base aérea e chocar com o único poste do local, e ela foi o maldito único poste que me fez colidir com sensações jamais sentidas. 

A princípio, ela passa a impressão de boa moça, de família, bem instruída sobre os estereótipos masculinos e de poucas histórias de fogueira. Mas quem diria que aquela boa moça causaria tanto estrago? Do grupo de amigas, era aquela que fica sempre ao meio da foto, sem a parte de empinar todas suas boas saliências, era aquela que esperava acontecer e não corria atrás de todos os homens dos bares e das festas, era a que bebia sem mostrar a todos a alta quantidade que podia consumir, era a mais deslocada e a que fazia toda a diferença. 
A conheci como todo início de história, sem querer, com um esbarrão ou outro. E com o tempo se tornou muito mais importante do que devia, ela fez com que minhas festas perdessem a graça (Afinal, por que dançar com alguém senão ela?),  fez também com que os jogos de futebol ficassem entediantes (Toda vez a procurava na torcida gritando balançando sua cerveja de um lado para o outro), fez com que todas as outras perdessem a graça. Comecei a procurar em tudo algo dela, de todos os abraços, queria aquele par de braços magrelos enrolados em meu pescoço; de todos os sorrisos, esperava aquele contornado de batom forte; de todos os beijos, queria aquele que me trazia um sorriso espontâneo. Ela era bagunça dos pés à cabeça, me desestabilizava, bagunçava minha cabeça e acabou bagunçando meu coração. Tentei aceitar certos sentimentos, apesar de saber que não era boa moça. Era louca, louquinha, ouvia jazz como uma senhora que se acaba em vinhos caros, ouvia rock como um bêbado de cabelos compridos que se acaba em rodas punk, dançava com sutileza e graça como uma bailarina, me batia como um lutador profissional quando a irritava, me deixava olhar para todas as mulheres que quisesse e jamais sentia um pingo de ciúme ou inveja, ria de suas piadas ruins como se ninguém as tivesse ouvido e falava besteiras para meus amigos por se sentir em casa. E me deixava louco, louquinho.
As vezes me tirava a paciência, como quando entrava em meu carro e depositava seus pés no painel, enquanto cantava alto os MPBs que colocava em meu rádio por vontade própria. Ou quando brincava com seus amigos sobre se casar com fulano ou siclano, já que no fundo eu tinha aquele ciúme saudável-nada-saudável. E quando levava as mãos ao meu rosto e o apertava simplesmente para me ver irritado, como toda vez que bagunçava meus cabelos. Ela era um lapso, uma loucura, e de todas que já tive, não se comparava, sumia com os sentimentos antigos, me fazia querer tê-la conhecido antes de as confusões amorosas que já tive, e me fez querer desistir da vida agitada, me fez querer tê-la por perto todas as noites e todas as manhãs, para me drogar com meu perfume que se tornava doce apenas quando alcançava seu corpo. Mas o medo me segurou, e escolhi não assumir que ela mexia comigo, e a deixei ir, porque no fundo algumas coisas se tornam recíprocas.
Hoje me arrependo de ter sido corrompido por pensamentos mundanos e inegáveis, porque todos os dias descanso o olhar em direção ao painel do meu carro, perdido em pensamentos sobre ela, acompanhados de seus pés que nunca paravam e daquele olhar maroto voltado para o rádio enquanto aguardava a próxima canção. E quem me dera ser sua próxima canção, porque as melhores são as que ouvimos em excesso quando a descobrimos, e após um tempo, voltamos a nos viciar na mesma.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

"Dominguices"

Com o tempo e o acúmulo de responsabilidades, acabamos perdendo o contato com nossos dias mais suaves e com nossas habitualidades para com os mesmos, e em certo momento, somos pegos pela saudade.
Comigo não é diferente, sinto falta dos domingos. Dos chuvosos, cinzas, ensolarados, agitados, apaixonantes, absurdos, entendiantes, e sempre, autores. Porque domingos são autores de meus melhores e mais bem-sucedidos pensamentos, de meus melhores lapsos e de minhas mais espontâneas sensações. Domingo é dia de poesia calma e distante, blues alto, shorts curtos, blusas grandes demais para toda a nostalgia implícita, meias até os joelhos quando o frio incomoda, cabelos bagunçados, sutiã o mais longe possível e, não menos importante,  naturalidade. Naturalmente apaixonada por personagens de romances clichês que sempre levam uma flor à sua princesa sonsa (e devo dizer, não suporto e não vejo justiça em receber flores, mas receberia de um Noah Calhoun sem problemas!), naturalmente sem maquiagem e sem perfumes caros, naturalmente concentrada no cheirinho de café que toma conta da casa quando a manhã finalmente chega para acordá-la com aquela falta de noção causada pela noite anterior, onde provavelmente outra boa história foi escrita, e que será suprida pelo melhor autor existente.
Domingos foram feitos para nos saturarmos de nós, enquanto dançamos desordenadamente pelos cômodos fazendo com que os pensamentos de que uma semana nova começará sejam dissipados, é dia de não pensar e deixar o riso fluir, bobo, ingênuo, inocente, malicioso. É dia de entrelinhas, linhas, frases, estrofes, conclusões, dia de se perder por amores e se encontrar por paixões.
Porque é nos domingos que sentimos a vida, quem já passou por ela, quem fez parte, quem faz parte e quem chegou agora e já está causando aquele tumulto de tempos, enquanto abraçamos as almofadas, bagunçamos os lençóis, enxugamos as lágrimas dos dramas em travesseiros, afagamos os risos das comédias no colchão e bocejamos à cada dois minutos, porque o corpo ainda não se contentou com o pouco descanso que não compensou toda bebida consumida na história passada.
E quando a semana começa, estamos novos conosco e novos com os outros, porque autores renovam suas histórias.

domingo, 29 de novembro de 2015

Se apaixone sem querer

O melhor modo de se apaixonar, é aquele em que caímos em tentação após toda a experimentação ensaiada, após todos os clichês e todas as postulações sem intimidade necessária. Isto é, se apaixone por acaso, porque o acaso é lindo, cativante! Não busque estórias para roteirizar, sequer personagens de filmes onde tudo é programado e as ações jamais passam do limite do ocasional. Busque ser pega de surpresa, busque aprender sobre a pessoa na qual você pretende se encaixar, aprenda a se apegar em suas manias e seus modos, aprenda a conhecê-lo como se não soubesse o que o futuro trará a vocês.
Descubra tudo sobre ele, mas o "tudo" de dentro, como a música que tira suas palavras, o motivo de sempre ouvir determinado cantor em dias cinzas, quem faz com que ele se sinta seguro, suas histórias mais bizarras, seus amores mais intensos, o motivo de sempre ouvir música clássica quando pensa em sua mãe, e o mais importante, descubra se o que falta nos seus conceitos se preenchem nas definições dele. Se deixe ficar boba enquanto ele a olha prender os cabelos, se perca em seu olhar após beijos demorados e rascunhados de carinho, se deixe refazer o contorno de seus lábios antes de dormir, não se contenha nos sorrisos toda em vez que ele te abraça após uma piadinha de mal gosto, não tenha medo de atravessar noites e horas em meio a uma dança guiadas por suas mãos que acalentam a turbulência emocional, se deixe pensar nele durante o dia. Guarde brincadeiras para ele, planeje ser pega de surpresa, planeje surpreendê-lo, solte os suspiros enforcados, sorria com os olhos com suas saudações, forneça suas melhores caretas, solte suas mais espontâneas gargalhadas... E assuma logo que aquele sorriso caloroso enquanto ele cumprimenta os amigos, é lindo, por sinal.
Não se prive de se apaixonar, de se deixar levar por alguém que trouxe cor, assunto e acesso a seus dias. Não se prive de contar sobre suas ideologias de infância, sobre suas crises de asma quando se assustava ou sobre aquela amiga na qual você deposita toda sua fé. Permita-se amar e conhecer. Compartilhe seus filmes mais piegas, suas músicas mais melosas e suas tardes mais vazias, Faça com que a prosa da manhã se torne poesia  da noite, quando os lençóis forem testemunha de sua aceitação, que as meias se tornem o silêncio de quando andar na ponta dos pés ao acordar com ele e que seu sorriso, sutilmente, retrate amor.

sábado, 28 de novembro de 2015

Noites de amor e música.

Ela não é de poucos, nem metades, ou quartos, ela é inteira, se joga, se entrega total e completamente. Dizem que ela é cativante por ser exatamente como é, quando encontra alguém que faça com que seus sorrisos aumentem e suas conversam ganhem prolongamento, se deixa levar, faz brindes à pessoa, dança com a mesma, conhece seus amigos e continua com a mania mais linda de todas, se deixa conquistar pelos detalhes.
A noite estava calma, a chuva que caía lá fora era fina e o vento soprava cuidadosamente, nos encontrávamos sentados ao lado do balcão principal daquele bar em que ela insistia em dizer que possuía uma essência maravilhosa. Poucas pessoas em volta, o atendente ria observando as pessoas da mesa de sinuca em meio às falhas da luz ao centro do local. Ela levantou e colocou um jazz animado no jukebox, soltou seus cabelos e dançou como se ninguém a observasse, chamou o senhor sentado ao lado da janela para acompanhá-la em seus passos descontraídos, e devo dizer, aquele bar de fim de estrada e fim de amores se transformou em alegria. Sorrisos se espalhavam por onde ela se movia se equilibrando entre centenas de cervejas que amorteciam seus sentidos e o bom senso de continuar fazendo com que a pista de dança improvisada se enchesse. Uau! Como ela era linda, não precisava arrumar seus cabelos à cada giro, a maquiagem se encontrava fora das linhas comuns e isso jamais a incomodava, matinha-se em cima de seus saltos apesar do incômodo por sempre priorizar a elegância, abraçava sem medo e sem pudores. Fez com que uma noite simples se transformasse em amor e música. E com ela, todos os dias eram assim, cheias de aventuras, amores e muita música.

Pouco é necessário.

A vida anda difícil, sem a calmaria de antes, sem a sensação boa de se sentir leve, com preocupações impostas e muito fervo interior. Acontece que me permiti esquecer como se vive. Vivemos buscando motivos e significados para tudo, para que no fim saibamos apenas como viver de modo intenso e do melhor modo que convém, e quando abandonamos o que nos faz bem, concluímos que sabíamos como fazê-lo.
Acabei me esquecendo como era bom ir ao cinema em horários aleatórios, mesmo que só restasse a arte e você na sala. Também, como é gratificante ouvir um MPB nos fins de tarde, se encarregando da poesia harmoniosa que traz sensação pacífica. Assim como assistir ao mesmo filme várias e várias vezes porque o tempo lhe permite, porque a trilha sonora o agrada e porque certos romances roteirizados preencher algumas lacunas.
Porém, quando a vida faz com que você sente em um local -onde sempre esteve apenas para apreciar determinada paisagem- e perceba o que há ao seu redor e todo o caos interior, você, apesar de todos crimes passionais figurativos, comete o pior deles... Assassina seu bom senso e sua felicidade momentânea, já que viver se baseia no pouco. 

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Tropece... nele.

Não leve como uma bronca e sim como um aviso... Pare de buscar o cara certo!
Dizem que a história se repete, mas na verdade o discurso se repete. Afinal, ele já saiu com muitas, já bebeu mais que uma república inteira, já se drogou mais do que se pode imaginar, já teve casos com todas as conhecidas, já viajou sem rumo, já esteve em muitos corações e também machucou vários. Ele é errado, demais. Não presta. Não merece mocinha de família bem instruída. Aliás, ele já viveu e você se manteve com os estereótipos de extrema passividade que se submetiam a tudo por você.
Eis que você se vê insegura quanto a ele, exatamente por saber que uma noite de bebedeira ao seu lado faria com que fossem esquecidas toda a pressão, todo o receio e toda boa conduta imposta, por ora.
Sabe que ele já errou muito e já foi o erro de tantas. Então se permita ser o acerto dele, e como vive acertando, se permita tê-lo como seu maior e melhor erro. Se perca em suas suas tatuagens, que aliás, não definem seu caráter, sequer a quantidade de cigarros que sempre o acompanham, ou a quantidade de brigas em que vive se metendo por defender demais certos princípios.
E consideremos que mocinhos de filme sempre decepcionam, clichês demais, e o clichê cansa. Irrita. 
As visitas à família, as flores, as frases ensaiadas e o figurino montado por revistas de clínica. Porque o bom é se imaginar na garupa de sua moto para que possa entrelaçar seus braços alcançando seu abdômen, assim como se ver dentro de sua jaqueta de couro, para que pudesse sentir o mundo sumir ao redor. Porque quando o inverno chegar, é ao lado de nossas fissuras que nos confortamos, ao lado de noites de insanidade e falta de noção, é ao lado da pessoa que fez com que todas suas ideias ilusórias de relacionamento fossem esquecidas, é ao lado daquele conjunto de cabelos bagunçados, jeans surrados, botas pesadas e um par de olhos alucinantes, os quais te observam com orgulho e um sorriso lateral que rouba a atenção de quem quer que o mire.E o aviso final? Quebre as pequenas regras, "abstine-se" do cotidiano, da gramática rebuscada, dos poetas de uma noite, das champanhes caras, das mãos juntas, dos jantares à luz de velas e da postura adequada. E pare de correr atrás de mocinhos sem graça, porque a graça na vida está nos mais elaborados tropeços.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Já tomou chuva hoje?

É cheiro de terra molhada, é brisa suave que acalenta mentes perturbadas e corações enevoados, é pingo a pingo que lava a alma, é poesia, é inspiração, é poeta, é amante, é amiga, é chuva! Chuva é amor, divertida como uma dança com os pés bobos por conta da água empoçada, é feliz como uma criança que salta de poça em poça rindo da maneira mais sincera, é receio quando forte e devastadora, é paixão quando calma e fina, e é, sem dúvidas, terapia para almas necessitadas.
Portanto, deixe chover, deixe molhar cada ínfimo espaço de seu corpo, assim como deixamos que beijos durem, e que o tempo cure, deixamos nos molhar.
Dias regados à chuva têm jeitinho de infância, com cheiro de casa de vó e essência de bolinho de chuva, quando tardes e manhãs eram compostas apenas por filmes à la romances previsíveis e conversas sobre o que seria de nossas vidas sem os mesmos. E são as melhores ocasiões para se deitar aninhado, vendo filmes dos mais diversos gêneros consumindo ora porcaria, ora chás que encobertam a frieza do dia cinza. Ou servem apenas para ouvir o som mais acalmante que se pode existir, enquanto envolve-se cada vez mais em suas cobertas recheadas de memórias dos dias chuvosos.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Samba, canção e malandragem

Ela chega e logo se encarrega de tirar o sapato de salto e a calça jeans que a apertaram o dia todo no trabalho e na faculdade, toma um banho e pega o meu shorts em baixo do travesseiro. Ela se sente confortável daquele jeito. 
O bumbum redondo e as coxas grossas preenchem todo o espaço, fazendo com que minha simples bermuda de dormir se transformasse numa lingerie da
 Victoria Secrets.
Ela passeando pela casa descalça, na ponta dos pés, só de sutiã e com minha samba canção é a composição mais linda de todos os tempos. É algo como se os mestres do samba como Cartola, Nogueira, Adoniran, Arlindo e Zeca tivessem se reunido pra compor o samba mais incrível de todos os tempos e esse samba fosse ela.
Ela é incrivelmente linda de todas as formas e qualquer coisa abaixo disso seria uma ofensa. Quando quer surpreender e coloca um conjunto transparente com rendas e cinta-liga, ou quando dorme só de calcinha, com uma blusa larga, das que cabem duas dela dentro e as mangas chegam a escorregar quando ela ergue os braços pra se espreguiçar e coçar os olhos.
Ela é música para os meus olhos. Sim, desse jeito sem sentido mesmo. Ela é samba de roda, o partido mais alto que põe qualquer malandro no bolso, mas ela preferiu me colocar no peito.
Eita malandro de sorte eu sou!


- Diego Henrique, escritor da "Somente sobre nós".


(Porque Diego ganhou meu coração com esse texto, e precisei compartilhá-lo com aqueles que conhecem minha escrita e acima de tudo, minhas paixões.)

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Que sejamos exatos

Há momentos em que é possível se dar conta de que alguém apareceu para somar nossos momentos intensos e subtrair nossas preocupações. Mas o ponto aqui é que pela primeira vez, me decidi por dividir. Dividir com você um chopp, enquanto o garçom nos observa rir como se fosse impossível equalizar o tom da diversão que insistia em ser exposta. Dividir com você histórias, desde as que permearam minha infância às que se fazem presente no cotidiano enquanto não estamos juntos. Dividir com você meus amigos, já que são coadjuvantes de minhas maiores histórias e os criadores de boa parte de minha vida. Dividir com você minhas madrugadas, confundindo as entrelinhas com as metáforas de suspiros. Dividir com você minhas manias, que descrevem toda minha personalidade. Dividir com você meus apegos, meu afeto não usual e meus beijos mais exasperados. E então, dividir com você minha vida, mostrando que desde que chegou tudo o que quis foi multiplicar os segundos ao seu lado.

Ela será sua maior aventura

Você está pensando nela, sei disso. Sua cara de bobo apaixonado o entrega, e esse sorriso largo é o mesmo de todos os dias em que você a visitou, também tem falado mais dela, diz que se irrita com sua teimosia mas não o vê sem a mesma, e se entrega quando diz que não gosta do modo como ela esquece de dar atenção a você pelas inúmeras pessoas que disputam por sua atenção quando saem, mas se sente mal quando rouba toda a atenção para si.
E especulando sobre o tempo no tempo. Devo alertá-lo, ela não será habitual como todas as outras, por mais que você acredite que com o tempo ela passará a seguir os padrões de parceiras passivas e entediantes. Afinal, cada dia ao lado dela será uma aventura, das quais o coração se encontra acelerado o tempo todo, e os instantes se tornam horas de insanidades sublimes. 

Desista caso queira uma namorada tradicional, isto é, sabe bem que se ela puder escolher entre sentar numa roda bebendo cerveja com seus amigos discutindo política e bobagens à ir para a algum local onde os saltos são tão finos quanto a humildade das que proferem palavras menos que necessárias falar sobre o modelo da revista desse mês, ela será a primeira a pegar a cerveja. Quando chamá-la para sair, ela não passará horas se arrumando para que os outros homens vejam o quão maquiada e "linda" ela pode ficar, e sim que ela ficará linda para você numa noite de vinho, amor, música e somente você. Não espere que ela sinta ciúmes de qualquer garota que se aproxima, deve conhecê-la tempo o bastante para entender que para ela essa palavra sempre foi mais do que uma discussão por pessoas que se sujeita a atrapalhar eternidades. E ela não será propriedade sua, sairá sem você, passará noites com as amigas e com os amigos caso você não possa acompanhá-la e viajará sem você caso convenha. Te chamará para dançar na chuva, fará o possível e o impossível para vê-lo sorrindo, estará ao seu lado quando precisar, te empurrará da cama por mais que reclame, te apertará nos abraços mais inconvenientes e fará com que toda noite, ela ainda permaneça em seus pensamentos. E no final, sempre estará contigo, porque no fim de toda aventura o que prevalecem são as memórias das mesmas, e principalmente, com quem as compartilhamos.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Ela é felicidade de canto a canto.

Ela resolveu se misturar, passou a sair e a ver o mundo, foi gradativamente corrompida por suas amigas, fez o possível para negar ao álcool mas acabou cedendo, tentou resistir aos homens com as piores famas e mais uma vez, cedeu. E havia quem dissesse que aquela moça dançando exatamente no meio do salão era a mais bonita. De todas, era a que usava menos maquiagem, não passava o tempo todo arrumando seus cabelos (gostava muito quando o vento trazia uma forma à ele), era a que mais bebia, afinal, acabou aprendendo e descobriu que podia muito mais. Dançava como se não houvesse pessoas ao redor, conversava com quem aparecesse oferecendo um sorriso sincero, e se entregava aos que a faziam se sentir livre. E no dia-a-dia, ela faz quem quer que seja sorrir abertamente, e traz um brilho ao olhar das pessoas praticamente inexplicável. E sim, ela é aquela que anda da forma mais natural possível e se encontra exatamente no meio da praça, se distraindo com as árvores e se deixando devanear pela brisa que bagunça seus cabelos. Mas se torna a pessoa mais encantadora que já se conheceu quando começa a falar sobre suas teses, livros que leu recentemente e frases de músicas que ouviu há pouco, sua voz se torna confortante e seus sorrisos se transformam em antíteses da rapidez absurda do tempo.
Ainda não sei porque justamente você chamou a atenção dela, mas ouvi dizer que o acaso é a ocorrência mais linda, e foi você quem teve coragem de se aproximar de modo espontâneo, e ainda sim, fazer com que o acaso tomasse conta do momento. E devo assumir, nunca a vi sorrir tanto na presença de alguém, ou se empolgar tanto ao contar algo como quando você a abraça e pergunta de seu dia. Portanto cuide dela, não abandone sua vida para cuidar da dela, de modo algum, porém faça com ela seja parte da mesma. Se deixe levar por suas loucuras pessoais e suas particularidades, porque ela é Ana, e você precisa ser apenas o mar. Porque ela é tumulto, e você deve ser a calmaria. Porque ela é Mônica e você pode ser seu Eduardo. E porque garanto que será feito de felicidade, de canto a canto.

domingo, 15 de novembro de 2015

Bailarinas são sorte grande

(Que previsibilidade eu escrevendo sobre bailarinas. Mas defendo a ideia de quem ninguém melhor para escrever sobre, do que uma e, do que alguém que convive com as mesmas há sete anos.)

Em determinado momento conhecendo uma certa pessoa, acabamos caindo no assunto de "o que você faz, o que você gosta" e você finalmente entenderá o motivo de ela andar tão suavemente, de sorrir ao ouvir músicas clássicas, de manter os pés esticados o tempo todo e de ter uma postura tão impecável. E devo dizer-lhe: Que sorte a sua em tê-la!

Porque se até Elton John já teve sua Tiny Dancer, se Montenegro já teve sua fada de botequim, se MJ já teve sua dançarina de Hollywood, se Toquinho já se encantou pela sua e se nem Djavan resistiu à uma, por que você resistiria? Não que ela procure seu palhaço, seu astronauta, seu soldado de chumbo ou algo do gênero. Porém, garanto que ela procura alguém para segurá-la enquanto dança pela casa sem música, nem trajes. Alguém que a elogie ao fim das apresentações (por pior que tenham sido), afinal, é por seu abraço ao final que ela sorria lá do palco. Alguém que ria toda vez que ela começar a falar em francês, tal idioma que você jurava que não tinha conhecimento algum. Alguém para enxugar sua lágrimas após uma queda, enquanto vê seus pés detonados por metáforas relacionadas a determinação e desespero. E alguém que carregue seu figurino, enquanto ela faz seu coque numa rapidez surpreendente falando sobre a outra que estará nos camarins a fuzilando com o olhar. Algumas são exceções, e acredite, não é um eufemismo. Você pode ter a sorte que conseguir uma que se alonga ao som de um rock pesado, ou que não possui o ego inflado por conta de seu corpo magro e delineado, ou uma simplesmente, acessível. Porque como diz Djavan: "queria o meu destino junto ao seu dom", então assim seja, e que o destino lhe traga tal sorte. 

sábado, 14 de novembro de 2015

A espontaneidade é linda

Sempre achei essa coisa de encantar alguém algo tão fácil, principalmente ao se tratar de alguém com quem nos identificamos, como se algum roteiro fosse seguido, com os mesmo assuntos, os mesmos olhares de canto, os mesmos risos forçados e a mesma insegurança pré-ensaiada. Entretanto, algumas vezes o fácil é, na verdade, se esquecer do roteiro e apenas improvisar. O que ocorre após sua primeira gargalhada não premeditada, e quando a reação é positiva, você descobre que o espontâneo é a coisa mais linda que já se viu. 
E se eu dissesse que a espontaneidade me atrai, e muito? E acabei enxergando mais que o normal, mais do que eu já notava por aí, em casos alheios e em personagens criadas por roteiros mal elaborados. Passei a me deixar levar pelo sorriso suave que aparece com a troca de olhares casual, sem aquele pensamento perverso por trás de um risinho lateral, passei a me encantar pelo modo com os olhos semicerram quando o sorriso é grande demais para ser contido, que adoro quando esquecem os olhos sobre os meus inconscientemente, que não contenho o sorriso quando algo de desastrado é feito por conta da distração, que gosto muito quando está de bermudas e uma blusa daquelas em que foram pegas às pressas, com o cabelo bagunçado e com a cara amassada de quem enrolou na cama pensando em todas as possibilidades do dia, e me cativo pelas expressões que surgem diante de assuntos paralelos aos lugares onde o vento nos arrasta.
Mas como qualquer relação com outra pessoa, há grandes exceções. Como aquela pessoa que não se permite surpreender com maturidade elevada, ou aquela que não se deixa levar por ocasiões inusitadas, e entre nós, essas são as melhores. E o bom de se encontrar alguém que a cative espontaneamente, é o alívio em poder ser quem sempre quis ser em meio aos ocorridos do cotidiano, porque nota-se que pela primeira vez, é fácil ser você. E mais fácil ainda, é se deixar levar por alguém cujo olhar a faz sorrir indeliberadamente.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Quer mesmo me conhecer?

Pegue minha playlist, a interprete, e relacione-a comigo. Com meu humor, com minhas frases, minhas filosofias cotidianas, minhas danças, comigo.
Demorei a me entender, demorei a descobrir o significado da música em minha vida, afinal, sempre soube que tínhamos uma conexão forte, mas demorei a saber em que se definia. E fico feliz em dizer: Descobri.
Há dias que estou à la Winehouse, Pink!, Slipknot, System, Red Hot, Metallica e Maiden. E jurava ser uma pequena coincidência com minha personalidade tempestiva. O que fazia com que os dias de Matchbox, Ray Charles, MPB, Amstrong, Elton John e todos os blues espalhados pela madrugada parecerem dias deprimentes, ou alucinações. Mas o que me fez acalmar os pensamentos e chegar à conclusão foram os dias de Clapton, Marley, Chopin, Beethoven, mais MPB, Sheeran, Mayer, Bublé e todos os pops do momento, que se baseavam nos dias em que via aqueles que provocavam meus maiores sorrisos, tanto quanto aqueles que já viram minhas lágrimas mais dolorosas. E ao fim da "pesquisa de minha sensação musical", precisei apenas de um tempo comigo, ouvindo música. E de alguém que não se encaixava nos humores descritos, mas sim em um novo, que se encaixava na felicidade plena em se conhecer.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

A chuva de novembro é, na verdade, uma tempestade.

(Não é um texto como os outros daqui, mas as vezes a alma precisa gritar.)

Algumas crianças passam por algum "dano" em sua infância, algo que faça com que elas sofram e adquiram maturidade para enfrentar tudo de cabeça erguida. Já meu trauma não foi durante a infância, talvez bem mais recente que isso, aliás, ano passado. Quando perdemos um alguém, é como se o chão sumisse, a brisa passa a bater com mais força até nos derrubar, e então, definhamos. Coisa que jamais havia acontecido comigo, pois por incrível que pareça, sempre me julguei uma pessoa forte em relação aos baques que a vida dá. E eis porque novembro, que deveria ser doce, é o mais amargo de todos os meses para a minha pessoa.
Está perto de completar um ano que perdi minha tia, minha segunda mãe, a mãe dos fins de semana, que me viu crescer ao lado de seus pequenos sendo um provável exemplo. Ela me ensinou tanto, que até longe daqui anda me ensinando, e acabou criando as duas pessoas que mais me fizeram amar no mundo. Chamo de primos por pequenos detalhes técnicos, mas me atreveria a chamá-los de irmãos o tempo todo. E juntamente com minha mãe dos cabelos encaracolados e silhueta encorpada, perdi um irmão, não daqueles que estão o dia todo em casa e que sabem cada detalhe de nossa vida. Mas aquele que cuidava do meu anjo mais velho, que fazia com que as pessoas não o consumissem nesse mundo desesperador em que ele vive. E cuidava do meu mais velho, fazendo com que eu sempre o amasse muito por esse fato, como uma criança ama sua Dona Cila que cuida de si. E se eu contasse que ainda sinto o coração apertar quando alguém beija minha testa? Como ele fazia aos domingos de manhã, quando chegava anunciando sua felicidade simplesmente por acordar e estar perto de nós.
Desde que tudo aconteceu, não tenho coragem de falar sobre nenhum dos dois. Mas as lembranças e as saudades são como estilhaços que fazem com que o inteiro se dissipe, e assim estou, com muitos fragmentos guardados, e colocando um pouco de atitude para escrever. Porque a escrita sempre foi o grito da alma, e a poesia faz com que os pequenos pedaços se juntem, assim como a brisa que volta a soprar leve. Coisa que há um ano não tem feito.
Caso haja dúvidas de como estão as coisas sem vocês, devo dizer, tia, que sua pequena se tornou a mulher mais linda que se pode conhecer, e por mais que a vida tenha me afastado dela, algumas coisas não mudam, o intocável se mantém intacto. Ela esteve comigo há uns dias, me contou sobre sua adolescência caótica, sobre os rapazes que fizeram seu coração balançar e sobre como sente falta de estar ao meu lado. E as vezes é difícil explicar o quão a família é. Ela chorou enquanto eu lia um dos textos que fiz pensando nela, e era como se ela tivesse voltado à infância, vi em seus olhos cheios de lágrimas que por mais que a vida te pressione, certas coisas jamais mudarão.
E meu anjo mais velho, continua dando bastante trabalho, ainda brinca comigo daquela forma pesada que só ele consegue, e passou a beber um pouco mais que antes. Frequentemente o pego vendo suas fotos e falando sobre você, mas felizmente a fase de não conseguir olhar mais a dor o
atrofiando passou.
Espero que continuem cuidando de mim, dos pequenos e do meu grandão seja aonde estiverem. Porque se minha fase de trauma aconteceu por um motivo, certamente foi para descobrir como tomar conta deles como vocês fizeram.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Um dia me drogarei de você

Um dia exatamente como se imagina, exatamente ao pé da letra sim, porque vinte e quatro horas é tempo suficiente para confirmar que você foi o melhor tiro que eu dei, ou recebi. Quero chegar de surpresa e dizer que você é meu por um dia inteiro, com todas as subjetividades impostas nas entrelinhas de como te direi e de como olharei você.
 E nesse dia me embriagarei de você, me alucinarei com seu cheiro e aplicarei seus beijos em cada canto de meu corpo. Para que possamos passar o dia regados de whisky, daqueles baratos para que fiquemos cada gole mais extasiados; assistiremos algum filme com um enredo péssimo para que no final não nos sintamos mal por tê-lo ignorado enquanto divagávamos por conversas sobre infância; usarei uma blusa sua porque me autorizarei ser piegas o bastante, e dançaremos em meio aos móveis até que a bebida e os giros nos façam esquecer o quão rápido a Terra gira e o tempo passa despercebidamente; você me ensinará sobre como agir em relação a seus gostos, ao tempo que passa a aprender mais sobre minha manias singulares; tiraremos muitas fotos, ridículas, abstratas, sem noção, para que utilizemos de argumento caso sejamos levados à uma clínica por uso excessivo um do outro; ouviremos música, daquela que um gosta e o outro apenas tem a atenção presa à letra com expectativa de remetê-la a si. E assim passaremos todo o tempo, onde deixaremos os segredos de nossas brincadeiras de lado, porque toda boa história de uso de drogas tem um pouco de duplo sentido.E ao fim do tempo ao seu lado, ao deixá-lo ir, deixarei em aberto a questão de próximas vinte e quatro horas, porque toda boa alucinação merece uma reprise.

Inspiração vem com o vento

A inspiração é algo tão natural que as vezes não entendo como podemos nos deixar levar pelo "branco". Determinadas pessoas a buscam pensando por um longo tempo, outras bebem como se não houvesse a ressaca matinal, outras saem e procuram relatar o que veem. Mas eu nunca me permiti seguir esses padrões, toda essa burocracia para escrever me assusta, assumo.
Certas coisas são como o vento, você só sentirá se estiver disposto à prestar muita atenção, e é assim que me deixo ser levada pelas ideias. Há dias que fico presa em um cômodo sem janelas, me desespero sem as palavras cainhando sobre minha cabeça, mas há dias em que vejo poesia em tudo, vejo temáticas, semânticas e metáforas onde olho. Vejo inspiração como algo que querem nos dizer, ou algo que querem que lembremos, ou pensemos. Ou acha que não sinto uma vontade absurda de escrever quando o vejo? Aliás, cê me inspira até demais. Apesar de eu ainda não ter descoberto se isso é bom ou não. Mas a questão é: Me autorizo abandonar o que estou a fazer, ou a pensar, para escrever. Porque sei que cada um tem sua terapia, portanto colocar uma boa playlist e me deixar levar pelas palavras que meus pensamentos oportunizam é mais que uma terapia pessoal. É uma nostalgia metamorfoseada possibilidades. E que fique claro que quando a vontade de fazer algo bate, a melhor opção é fazê-la.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Ele era forte, até demais

Ele estava com incontáveis problemas, passando por milhões de tempestades internas, fins de ciclos, fins de relacionamentos, fim da saúde e falta de coragem para enfrentar tudo. E todos.
Eis que o álcool acabou se tornando seu melhor amigo, afinal, à cada garrafa consumida, uma preocupação que sumia, um deslize que era esquecido, um medo que era abandonado e apenas a dormência e a sensação quase que vital permaneciam. Estava errado, é claro que ele sabia. Mas quem havia se colocado em seu lugar ao invés de criticá-lo? Era doloroso vê-lo se acabar dessa forma, mas estava claro, ou ele seria absorvido pela bebida, ou pelos problemas. E ele optou pelo menos pior (até então)...
Faz um tempo que ele começou a se drogar licitamente, e se deixou levar totalmente pelo uso excessivo. Ele se vê menos desesperado, com o físico um tanto quando abalado e a saúde tendendo a piorar, mas se vê feliz, consolado. E foi quando aprendi que ele não se deixou levar por ser fraco, mas por ser forte até demais. Preferiu dissipar-se em algo que traria calmaria demasiada à se afastar de tudo que o mantinha bem.



(Espero que saiba que quero teu bem, meu bem.)

domingo, 8 de novembro de 2015

Um dia faço você acreditar

Que o sentido da vida não é para frente. É para cima!

Você precisa sair desse escritório chato, dessa sua vidinha parada. Aumente o volume de seu rádio, repita seus melhores lapsos, aumente a frequência de seus instantes de adrenalina e de frio na barriga. Quero te fazer descobrir uma vida que há fora dessa sua camisa abotoada cautelosamente, fora desse seu cabelo ajeitado milimetricamente e fora desse seu cinto mais apertado que qualquer sutiã aqui nesse bar. Hoje você beberá mais do que deve e irá rir sem se preocupar com a equalização de seus risos, quero ouvir suas piores piadas e suas histórias mais patéticas, quero te ver livre. Quero que saiba que quanto menos vida, mais sonho. Então aproveite, você é muito novo para se preocupar tanto com o inexplicável.
Farei com que você ouça músicas que nunca te satisfizeram, e que fale alto, que fale palavrões quando necessário e que aceite ocasiões impostas. Quero ouvi-lo reclamar, arrependido de noites com pessoas que o desgastavam enquanto gostaria de estar em sua casa com roupas íntimas, saboreando um fardo de cerveja barata do mercado da esquina ao ver um filme clichê até demais.
E então, vou querer saber de tudo o que passava por sua mente durante nossa conversa onde eu insistia que você deveria parar de focar tanto o futuro e começar a sonhar cada vez mais alto. Porque no fim, você será grato por ter feito as pessoas acreditarem cada vez mais em instantes duradouros e sonhos improváveis.

Ninguém resiste a uma dança

Devo dizer que quem nunca teve suas próprias teorias que pule da ponte (porque atirar a primeira pedra é piegas). Mesmo que certas teorias pessoais não sejam totalmente lógicas, ou possíveis, não há nada melhor que compartilhar suas ideias mais insanas e imprevisíveis. E não sou diferente, nem um pouco, possuo muitas teorias e minha favorita é a que ninguém resiste à um bom convite para dançar. Por pior bailarino que seja, por pior que sejam suas coordenações motoras ou sua musicalidade, o convite de sentir um corpo próximo ao seu e descobrir como os batimentos do outro alguém trabalham em sua companhia é praticamente irresistível.
A primeira vez em que dancei para valer com alguém, foi ao som de "Your Song", enquanto Elton cantava uma de suas versões acústicas, eu me esforçava ao máximo para não rir ou ruborizar por conta da minha falta de noção com os pés. E acabei percebendo que por mais nova que seja a experiência de ser conduzido por alguém, é uma das melhores sensações que se pode presenciar enquanto uma de suas músicas eternizam o momento.
E por mais conveniente que seja a música, como um sertanejo pré-coreografado ou uma valsa em que aprendemos com algum parente, a  melhor parte consiste em ouvir algo clássico e surpreendentemente ser cogitado para compartilhar o instante. Porque o jazz, o blues e o R&B intensificam toda dança. Pois assumo que não sou nenhum pé-de-valsa, me embramo com meus pés e com os braços da outra pessoa, e prefiro assim. Não exijo uma dança retirada de "Perfume de Mulher", prefiro atrapalhado, com giros, abraços, risos e beijos. Que seja na cozinha, na sala, sem música, sem roupa, sem pretexto e sem pudores. Que seja especial, que seja eterno enquanto os passos fazem jus à música. E que seja como minha teoria, porque ninguém resiste a uma dança.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Ela precisa do Nando de presente.

Sou suspeita para escrever sobre esse incrível cantor, poeta e ruivo barbudo que cativa à todas as pessoas que admiram sua arte. Mas preciso dizer, quero presentá-la com um! E não precisa de embrulho, nem lacinho, nem embalagem festiva. Quero só ele, e basta.
Já a imaginei ouvindo o dia todo que a consequência do destino é o amor e que é para ela que ele guardou o mesmo, que havia guardado sem ter porquê e nem ter razão. E sim, posso ver o sorriso que dará ao saber que esse texto é para ela que me fez gostar dele. E vejo com facilidade suas covinhas curvas ao notar que é por uma piada que escrevi sobre seu presente...
Voltando ao Nando, é preciso ressaltar que ela passou a usar all star azul porque acreditava que ele um dia diria que seu preto combinaria com o dela. E que, por Nando, ela aprendeu a tocar violão, porque o amor é violável, um violão. Até porque quando ela sonha, diz que ninguém irá dormir nos dela, que são cheios de Reis e de Tiranossauros Rex para fazer jus à seu primeiro canto, mas primeiro, quer de presente seu Fernando. Sei também que o fato de ter começado a fumar foi por conta de seu querido cantor, assim como quando entra em amores jamais se quer, quer sempre a outra pessoa. Porque aprendeu com ele.
E quando ela se pergunta "Por onde andei?", sempre digo e sempre direi: "Provavelmente na Sibéria em busca de seu all star preto."

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Sobre minha playlist

Muitas pessoas têm perguntado de minha playlist aqui do blog, e minha resposta é sempre a mesma...
Em um local que há tanto de mim, por que não músicas que contam histórias sobre mim?
E dessa vez decidi deixar isso um pouco mais específico, não totalmente, porém achei bom esclarecer minha corriqueira resposta. Já respondendo o porque de não haver nacionais, que é porque as nacionais são histórias culturais rodeadas de amor, acima de tudo de músicos rodeados de poesia. E creio que meus textos devem ser a relação à isso, não contendo isso.
Como disse, cada uma conta uma história sobre mim, sobre minhas fases de vida. Como "Slow dancing in a burning room", onde Mayer me faz entender o porquê de as pessoas se prenderem à perdas de amores, e exatamente o que já se passou por minha mente milhões de vezes. Assim como tudo o que é dito "Upside Down", como o fato de eu jamais ter achado alguém que me descrevesse tanto como Johnson nessa canção. E como "More than words" me descreve em relação à tudo o que faço para deixar o que se passa no cotidiano, fazendo o possível para que seja entendido.
Há também as que me remetem certas pessoas, como "My girl" que é a essência de meu primeiro e único amor absurdo, daqueles onde você se entrega e no fim acaba-se como o previsto. Porém "Thinking Out loud" me trás à uma época recente, absolutamente incrível, onde não há descrições que cabem à mim, além de dizer que é sobre o melhor momento que já tive ao lado de alguém, aliás, o mais doce. E falando em doce, "Sugar" faz com que esse momento seja estendido, não muito mais, porém o suficiente para me dar a certeza de que acasos valem a pena. E trazem sorte.
Como cinéfila que sou, não poderia faltar trilhas que ganharam meu coração como alguém de barba e tatuagem e sorri para mim em um bar qualquer, sendo "Your Winter" de um de meus filmes favoritos (10 coisas que odeio em você), tal qual me tira as palavras até hoje. Exatamente como "Plachelbel's Canon", que vem de um filme que quando assisto acabo agindo como qualquer outra garota boba, engraçado como são as (Ironias do Amor). E finalizando em amor, vem "Drive" do filme que já assisti centenas de vezes, decorei as falas, as músicas e ainda assisto com o maior prazer do mundo (Como se fosse a primeira vez).
Considerando minha manias, meus métodos e meus princípios, também tive de fazê-los presentes em minha seleção muito pensada. Como o fato de eu acordar todo domingo chuvoso e ouvir "Sunday Morning", porque a voz de Adam nas manhãs molhadas é extremamente confortante. Ou como minha mania de assistir vídeos de Tom Fletcher e Buzz, sendo o pai e o filho mais sensacionais de toda a mídia em "From Bump to Buzz". Sem esquecer também de meu vício por músicas e artistas novos, como acabei conhecendo "3 AM" de Matchbox Twenty, que ouço nas noites de nostalgia.
Dentre as outras que poderia citar, deixarei-as para uma próxima postagem, ou próximos pedidos. Pois quando começar a falar de músicas de Ray regravadas por Bublé provavelmente criarei textos cada vez maiores.

sábado, 31 de outubro de 2015

Quando um certo alguém


Cruzou o teu caminho e te mudou a direção...

Você me disse que estava com ela há cerca de cinco anos, e que nunca havia tido uma noite como a nossa com ela. Dançamos após muita bebida, após muita troca de olhares e após muita música boa em comum, e você disse que ela jamais havia dançado com você como eu, sem medo do que iriam pensar e sem medo de ensaiar sussurrando ao ouvido. Rimos de piadas absurdamente ridículas e tiramos fotos como duas crianças que pegam a câmera da mãe pela primeira vez, e você disse que ela só tirava fotos com você quando estava maquiada e você, bem vestido. Deixei que você brincasse com meus defeitos e assim fiz com os seus, e mais uma vez rimos por muio tempo, então você me disse que com ela não existiam brincadeiras bobas, sequer piadas sem noção. E ao fim da noite, você se aproximou e me pediu um beijo, garantindo que não poderia deixar de saber como seria se não o fizesse, e eu não permiti. Porque talvez eu tenha aparecido apenas para mostrar a você que não era feliz, e que se forçava a parecer. Talvez eu tenha gostado de você, mas respeito demais um relacionamento para fazer com que tudo terminasse por uma noite aleatória. E talvez, aliás, com certeza eu tenha obrigado você a ser feliz com quem mostra à você em que felicidade se define.
E é isso, uma história antiga, de quando ensinei e aprendi que estar com alguém não significa exatamente nada. É necessário aquele alguém que o faça esquecer do externo, que te dilata a alma e te faz crer no interno, que te diverte apenas com o sorriso e te faz perder o bom senso, afinal, precisa ser um certo alguém.

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Porque medo é normal.

Admiro os que tem coragem, os que se jogam de fato, os que não têm receio e os que sabem falar de si. O problema de eu não ser uma dessas, é que nunca levei a sério quando falavam que quando somos corajosos em determinadas coisas somos completos covardes em outras. Então me peça para saltar de paraquedas com uma mochila de 200 quilos, mas não me peça para falar de meus sentimentos. Sim, sei que sou mulher e essa é a maior facilidade das mesmas e sei também de toda burocracia inútil por trás disso.
Já aprendi muito que devemos dizer o que sentimos, quando sentimos e principalmente, por quem sentimos. Mas não consigo, não por falta de carinho ou de consideração, nada disso. Aliás, talvez por consideração demais ao ocorrido, o que traz o medo de certos impactos. Pois a única vez que realmente me abri, meu paraquedas não abriu e atingi o solo com tanta força que acabou deixando uma marca profunda. Agora toda vez que salto, checo o equipamento e ainda sim, me vejo tremendo e suando frio, porque as vezes o chão ainda me assusta.
Não, isso não é um problema com você, ou com ele, ou com o outro, ou com o fulano que flertei dentro no ônibus. Ainda mais, porque foi você quem me fez voltar a pensar em pular, e voltar a sentir a adrenalina de estar no ponto máximo. Mas, isso é comigo e somente comigo. E por mais que eu queira dizer muita coisa, ou fazer muita coisa sempre haverá medo por trás, e é porque sei que quando caímos é do chão que não passamos.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Sempre em frente

Foi o conselho que ele me deu, após ouvir isso de Gessinger. Tinha achado minha cara, e gostei de ouvir que tenha lembrado de mim enquanto ouvia. Gostei muito!
Começamos a conversar aos poucos, como quando experimentamos algo novo, primeiro vem o receio, em seguida o ceticismo e por fim acabamos gostando. E conosco foi assim, suave, adquirindo a voracidade necessária com o tempo, de forma gradual e extremamente prazerosa. E  como gostei!
Ele gostava de me elogiar, porque sabia que eu jamais soube reagir à um elogio, é como se certas palavras, por mais simples e corriqueiras, simplesmente roubassem minha postura, me desconcertassem. E se um "bom dia" já me desestruturava, imagine um "linda" com um sorriso sincero... Pois é! Eu ficava boba, como uma garota que acaba de ganhar sua primeira rosa, ou seu primeiro beijo na bochecha aos seis anos. E ele seguia os mesmos procedimentos, enquanto ia descobrindo o que me fazia suspirar, os utilizava sem medo. Apesar de ser comum, como qualquer outro que entrou e saiu, sem marcar, sem tirar sorrisos em tempos de ausência e sem os clichês de contar para as amigas com a voz histérica, ele me fazia sentir bem especial, talvez? Mas o problema sempre foi meu princípio de estar na zona de conforto e permanecer. E a história foi como o previsto, ele gostou, eu não. E essa foi para a lista de fracassos que coleciona-se num diário velho e guarda-se onde a mãe não acha enquanto limpa o quarto. Entretanto, pode-se dizer que convém. Afinal, sempre em frente foi o conselho que ele me deu.

(Atendi apenas a outro pedido, onde as coordenadas me pediam para descrever algo que acontece com certa frequência. E pode ser que não comigo.)

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Meu herói não usa roupa colada

Ok, as vezes ele usa, mas sempre acreditei que pais de bailarina eram feitos de collant. Quando dizem que pai e mãe são sensitivos falam até mais que sério, e pude confirmar isso hoje. Você chegou em casa, me viu escrevendo no quarto, cumprimentou e deixou essa foto sem dizer nada. Nem mesmo eu sabia que estava em um dia não muito bom, sabe, aqueles dias em que estamos "coisados"? Exatamente. Enfim, ao ver a foto chorei, chorei como uma criança, como na época em que foi tirada. Chorei de saudade do tempo que já passou, chorei pela dimensão de minha admiração por você, chorei porque precisava lavar a alma. 
Sabe, papito, quando dizem que sou uma versão feminina de você, me sinto extremamente lisonjeada e agradeço infinitamente por ser sua pequena (não tão pequena). E agradeço ainda mais, por você ter me ensinado tudo o que sei, por ter sido o responsável por hoje eu ser quem sou, por gostar de tanto de açaí, de música clássica, de trilha, de ter tantos amigos, por gostar tanto de Zé, A. Jackson, o outro Zé, o Zeca, MPB, e o melhor, pão. Ah, e agradeço também por ser meu eterno parceiro de dança, só você sabe quantas vezes meus pés me traíram e fizeram com que eu perdesse toda a noção de como ser conduzida.
Obrigada por ter me ensinado a ter valores, por ter me permitido voar, por apoiar minha arte e minhas decisões, ou pensa que não sei o quão difícil é lidar comigo? Mas uma casa grande dessas precisava de alguém com temperamento forte como o seu, para equalizar a calmaria que a mãe é, pois só vocês para passarem por tudo o que passaram e ainda sim, manter quatro filhos, completamente diferentes, totalmente satisfeitos com tudo o que lhes é dado. Eis que uso desse meio para contar um pouquinho do meu amor imensurável por você. E tenho dito, coloquem um bigode em mim, e não saberão quem é quem.

Acasos não são de todo repentinos.

As pessoas têm esperado muito, em relação à tudo. Pra quê esperar ele chamá-la para conversar? Provoque-o, faça-o perceber que quer dividir esse momento com ele. Pra quê esperar sentir saudade para enviar uma mensagem, ou ligar? Saiba que a saudade existe por razões boas, mas na maioria das vezes ela é bem traiçoeira, acredite. Pra quê esperar ele soltá-la do abraço para te beijar? Faça-o, não tenha medo do possível arrependimento. Entretanto, quando esperamos algo acontecer, damos uma chance para que não ocorra, eis um risco que não me permito correr. É tão bom ser pega de surpresa, ainda mais quando a surpresa se resulta em felicidade iminente, felicidade repentina. Mas melhor ainda, é fazer acontecer, é dar seus passos corretos em direção ao acaso. Como descobrir o gosto musical de alguém e ouvir algo que o agrade para que a note; ou saber que ela não gosta de flores e sim de perfume, por exemplo? E agradá-la com algo que provavelmente fará seu coração palpitar. Ah, como é bom dar uma provocada no acaso. E caso você jamais tenha o feito, aqui está minha próxima lição para você... Tente. 

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Ele será um ótimo pai, você sabe

  (Favor dar play em "Drive", número 7 da playlist, para que o contexto fique melhor intencionado)

Há determinados pedidos interessantes, e esse em especial, decidi publicar...
"Sim, sei que estão juntos há um bom tempo, sei também que ele te chamou para dançar em um de seus encontros e você se atrapalhou toda tentando segurar com certa classe seu vestido enquanto ele a girava pelo salão, e sim, me lembro do sorriso maravilhoso que ele abria toda vez que a via cantando nas mesas de bar, quando o assunto acabava e você fazia o possível para quebrar o silêncio constrangedor". Devo dizer que não só eu, mas todos também sabem que ele é simplesmente louco por você, ou vai dizer que nunca notou o modo como ele canta seus sertanejos melosos olhando para você ? Ou que o modo como ele brinca com seus dedos enquanto suas mãos se juntam não quer dizer nada? Pois é, você tem uma sorte absurda, e para muitos, invejável.
Calma! Sei que apesar disso tudo, o futuro possa te preocupar, mesmo após o pedido de casamento ao som de um blues qualquer, enquanto você se via no dilema entre aceitar a proposta ou continuar com o absinto que vivia pedindo para ele levá-la para experimentar. Mas o modo como ele a fez se apaixonar mais uma vez naquela noite não vem ao caso. Ou vem? Mesmo após levá-la para jantar no mesmo lugar em que a pediu em casamento ao saber de sua gravidez... E você ainda se encontra na dúvida de que ele será um bom pai?! Pois peço que comece a perceber o que está em sua volta, ou próximo a ele, se preferir. Perceba o modo como ele se enturma com qualquer criança à sua volta com aquelas brincadeiras infantis que sempre fizeram com que seu coração derretesse. Perceba como ele enfrenta todas as responsabilidades de queixo erguido. Perceba como ele ri quando você dá suas crises e se torna a pessoa mais mandona do mundo, afinal, ele sabe exatamente como fazê-la sorrir novamente. Portanto devo deixar claro caso não saiba, ele não será um pai convencional, muito menos um pai mandão em que o filho se afasta sutilmente. Ele será daqueles que deixam a criança fazer o que quer, ele deixará a criança à vontade de todas as formas possíveis, e não irá censurá-la de aprender sozinha, muito menos fará com que ela perca sua infância, coisa que ele mesmo irá relembrar em meio a essa experiência. Então devo prepará-la para não ficar muito surpresa caso o veja correndo pela casa com ela, ou brincando com os elementos da fruteira (como sempre faz), até mesmo ensinando-a como irritar você em menos de dois milésimos. Portanto, devo ressaltar que você fez a melhor escolha de sua vida, e sem saber, essa criança terá feito a melhor da vida dela ao se tornar o reflexo de seu pai, porque sei que ela aprenderá a amá-la assim como ele.

A beleza em ser diferente

Nunca entendi porque gostava tanto de determinadas coisas, as quais ninguém gosta. Nunca entendi porque sempre era a garotinha que aprendia a dar mortal na piscina com o irmão, enquanto as outras estavam aprendendo com as irmãs como pentear suas bonecas. Nunca entendi porque sempre gostei de beber com meus amigos enquanto discutia todos os esportes, enquanto todas saíam para discutir qual seria a cor ideal do esmalte para as próximas ocasiões. Também nunca entendi porque me preocupava tanto em comprar livros, enquanto todas gastavam o que tinham e mais um pouco em maquiagens. E sim, sempre procurei entender fatos como os citados. E demorei a chegar à uma conclusão que desse fim ao meu ceticismo.
Foi quando realmente passei a observar como mulheres naturais eram mais cativantes a todos e quaisquer olhares; sem excessos de química no cabelo, ou excessos de maquiagem cobrindo sua verdadeira beleza; ou como homens que não passam horas aplicando gel ao cabelo eram mais notados; também como crianças que passam horas brincando, se sujando e ralando os joelhos eram mais felizes que aquelas que viviam em suas casas, presas. E por incrível que pareça, pude constatar que esses meros detalhes faziam dessas pessoas mais livres, mais puras e até mesmo mais felizes. E isso, simplesmente por serem diferentes.

Sempre preferi pessoas que me equalizassem...

Como tudo na vida, a escolha de quem fica conosco (seja em nossas rodas de conversa, nossos relacionamentos amorosos conturbados ou os colegas entediantes de serviço) sempre está baseada em algo, e meus fundamentos nunca foram diferentes dos demais. Até um tempo atrás.
Particularmente, sempre preferi pessoas que me equalizassem em tudo. Isto é, pessoas totalmente contrárias à mim, que possuíam talvez até mesmo princípios diferentes, estas sempre me cativaram, pode ser que por conta do clichê "Os opostos se atraem" ou qualquer uma dessas bobagens de pessoas metódicas e sem pensamento autônomo. Gostei sempre de pessoas pacientes, de humor "branco", parcialmente caseiras, nada artísticas e totalmente estáveis. Sim, completamente equalizáveis à minha pessoa pouco previsível. Mas devo assumir que sempre houve uma certa atração implícita nas piadas daqueles com humor negro e me aproximava sem querer daquelas que se encontravam na arte. E recentemente pude perceber que, as melhores pessoas são aquelas que acrescentam algo. Como? Aquelas que tem uma falta de paciência parecida com a sua, ou as que seguem as mesmas teorias e princípios que você. E essas são as que realmente fazem valer a pena, mesmo que acabem equalizando-o sem que note, pois não há nada melhor que alguém que o defina. E ao mesmo tempo, sequer possui tantas compatibilidades.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Classicamente Indescritível.

Todas as pessoas algum dia encontram alguém que simplesmente não presta, não se encaixa em seus padrões, nem faz jus à seu maneira visivelmente apaixonante. E algum dia, você encontrará ela, que não se explica, não se prende e apenas se permite. Ela, que apenas vive, nunca deixou alguém roubar seu coração, sequer pretende.
Como posso descrevê-la? Eis a pergunta mais difícil que poderia me fazer. Nem os maiores artistas saberiam respondê-la. Apesar de que, para alguns, chegaria próximo do real.

Logo de cara, Elvis diria que ela está sempre em sua mente e então, perguntaria se ela está sozinha esta noite, e Sinatra diria o quão encantadora ela está esta noite. Enquanto Ray diria que ela é uma mulher na cidade que (de fato) é boa para ele. Ah, se Louis tivesse dito que ela é tudo o que ele esperava, talvez Billie não tivesse dito que ela é a melhor coisa que acontece para os que esperam.
Mas ainda creio que Elvis seria o melhor para retratá-la. Ele diria que, com aquele batom vermelho de grandes noites, chamava a atenção de todos e fazia com que algum sortudo tivesse o prazer de prová-lo, facilmente "The Devil in Desguise", e com seu sorriso que desestabilizava qualquer um que o fitasse por muito tempo que ela "Can't help falling in love" (ou não). E após alguns meses perto dela, o mais justo e certo seria deixá-la "Always on your mind", mesmo que ela não usa "Blue Suede Shoes", garanto que seus até mesmo seus tênis envelhecidos o farão se apaixonar. E se o tempo com ela não for o suficiente, "That's Alright", arrume um pouco mais, pois sabe que valerá a pena.
Afinal, ela não passa do "Bruning Love" que todos deveriam ter.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Sua garotinha cresceu.

Crescer é algo muito caótico, de certa forma complexo, mas também tão natural que é raramente notado. Isto é, só notamos o quanto crescemos, quando é preciso. E o mesmo aconteceu com sua garotinha, ela notou recentemente que cresceu, que não é mais aquela pequena que anseia grandes planos, não ri espontaneamente com tanta facilidade, sequer sonha tão alto como antes... E notou também, que é apenas o preço de uma maturidade certamente precoce.
Ela, que antes gostava de se equilibrar na beirada da calçada ao andar, hoje desafia seus próprios sonhos se equilibrando entre manter-se firme e forte e enfrentá-los. Ela, que antes esperava ser levada à dançar para que se sentisse bem e auto confiante, hoje é a essência da confiança enquanto cativa aos que a observam dançando de seu modo descontraído, fluído. Aquela pequena que antes era o contorno da sensibilidade miscigenando a inocência, hoje é a coragem e a liberdade consentidas.
Afinal, aquela garotinha que se contorcia ao rir de piadas repetitivas, é hoje a mulher que carrega aquela diversão infantil em seus sorrisos,e que carrega também suas manias mais peculiares, e em seu olhar, leva toda a imaginação e paixão que possui desde a época em que não podia alcançar os armários. E não há quem não se orgulhe da mulher que ela se tornou: Forte, destemida, divertida, inteligente e acima de tudo, livre. 

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Se for mergulhar, descubra a profundidade

Minha filosofia de vida sempre baseou-se em Provehito in Altum. Isto é: Lançar-se ao infinito (de um latim um pouco enferrujado). Porém, sempre precisamos dar determinada relevância à profundidade, por mais atraente que seja a sensação de pular sem medo.
Digamos que a profundidade tenha um pseudônimo, como grande artista que é. E ele está assinado por "Felicidade". E aí, dentro de seus conceitos da mesma você pularia, ou melhor, a provocaria mesmo sem saber quais as consequências? Afinal, ser feliz é mesmo tão difícil assim? Ou é só fechar os olhos, levantar os braços e se deixar levar?!
E eu digo que não, pois, como tudo na vida, é preciso um prévio conhecimento. Como conhecer aquele alguém que está ao seu lado há um tempo... Conheça tudo, os detalhes, as manias, os métodos, a gramática, a falta dela, os excessos, as faltas que pouco sobram e a falta que te faz. E se, só se for positivamente aprovado, se jogue nela. Faça dela sua ausência, sua abstinência e se pretende mergulhar fundo, faça dela seu infinito.
Apesar de toda e qualquer ligação com a felicidade, ou com o fato de ser tão ligada às relações, tenho dito e insistirei: Só é feliz quem, de fato, mergulha.

Quando a liberdade grita.

Sempre acreditei que fazia parte de um pequeno grupo de pessoas, dessas de bem com a vida, que se satisfazem com o pouco, com o simples. Mas acima de tudo que necessitam de liberdade. Não daquela que vê-se no cotidiano, que vêm de pessoas dependentes, mas daquela em abundância.
Nunca acreditei nessa história de "solte, se voltar, é seu", afinal, nossa liberdade não é algo materializado, sequer comprado, fora a questão de que para soltarmos algo, precisamos antes segurar, e é onde assassinamos o bom senso. Aliás, se a liberdade custa tão caro e pesa tanto na consciência, por que voar é tão fácil? Exatamente, o condicionamento jamais esteve atrás de um limite.
Não serei hipócrita, não mentirei. Já me relacionei de modo em que precisava prender algo, alguém. E como tudo nessa vida parcialmente desregrada, precisei aprender a não o fazer. E ao aprender garanto: Ser a liberdade de alguém é tornar-se livre. Poder confiar, fechar os olhos e se jogar de algo para algo, respirar fundo e esquecer o mundo, focar o desestruturado e se achar no incompreendido. Sim, o livre-arbítrio, quando encontrado é o melhor lugar para estar. É uma questão de ser!