segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Escrevi para você publicamente e me deu vontade de um algo a mais. Queria te dizer que quando digo "Saudade" me refiro a sua voz que muitas vezes me fez entender o sentido de ter os pés no chão, desse teu abraço que durante longos minutos me salvavam do cotidiano, dos nossos assuntos que voavam da origem dos átomos à menina que tropeçou mais cedo a nossa frente. Porque com você me senti viva, senti que amizades podem valer a pena por mais raras que sejam. Porque aprendi que uma madrugada conversando no quintal de casa vale muito mais que um janta extremamente requintado ou uma madrugada falando sobre nada via skype, trocando músicas, experiências, vivências, tudo o que tornaria saudade um tempo depois.
Não me arrependo do desfecho obtido, fiquei sem tê-lo por um bom tempo como se o final de um livro de romance exigisse esse drama específico, e ao retornar tudo estava como antes, sem a parte em que rasuramos as folhas do livro.
É, nego, que saudade de rir contigo, de saber como é cuidar de você bêbado choroso em uma festa totalmente deslocada. De entender o significado de ser pouco para ser poesia, exatamente como a foto da árvore vista do banco daquela praça das quintas-feiras. De ter a efemeridade palpável, pois uma semana de diferença marca nossos momentos talvez mais difíceis,  e ainda sim, mesmo distantes, estivemos um ao lado do outro. Caramba! Já fomos tanto e já fomos tão pouco. Hoje, somos lembranças e muita vontade de estar junto mais uma vez, mesmo que de vez em nunca, mesmo que só para dizer: "Senti sua falta".

Caixinha de tudo

Tenho uma coleção de memórias as quais adoraria cravar em meu corpo, mas respeito é algo de casa e justamente por conta da casa evito tatuar-me.
Eis que volto minha atenção para a caixinha de tranqueiras, pois é, todos deveriam ter uma. E é lá que se encontram os simbolismos diretos para as melhores viagens dentro desse meu mundinho, desde a carta recebida da melhor amiga de infância à pulseira da festa em que me desemvolvo uma pseudopaixão por um mexicano. E ali começa minhas histórias e as ideias para cada tatuagem, como início a palavra "ARTE" fragmentada escolhida para concentrar-se entre as mãos, pelos braços, porque desde sempre sou arte de canto a canto. Em seguida, as coordenadas do único lugar no mundo que me moldou, o lugar onde se encontram as raízes do meu riso frouxo, joelhos ralados e paixão pelo simples, tendo como localização corporal minha costela direita, junto à memória do primeiro tombo bem tomado. Até que o nome de uma escola literária coroa essa paixão de ser e tornar, sou arte, de registro ao fim Alexandrina, de exagero à crítica, fruto do Romantismo.
Se meus sonhos podem ser mantidos numa caixa, minha mente pode permanecer boreal enquanto meus pés, austrais. Assim sou, assim permaneço. Tranqueira.