quarta-feira, 15 de junho de 2016

Amor é o adeus que faz o olá existir

"Planejei tudo para matar essa saudade guardada aqui, vá até o portão, tenho um presente", ela apareceu com um laço vermelho contornando seus cabelos, de braços abertos, um sorriso de orelha à orelha e os olhos mais brilhantes que a lua acima de nós. Exatamente como a tinha deixado, intacta, sorridente, minha.
Há um tempo viajou, e me vi vazio como não pude imaginar, senti sua falta como se uma parte de mim tivesse ido junto. E voltou. Entrou em casa tomando posse da cadeira do meu quarto, exatamente como antes, tagarelava sobre os tropeções e esbarrões por cada país que visitou, e eu, perdido nela como sempre fui. Jogou os colchões na sala, colocou uma blusa minha, amontoou as almofadas e os cobertores rapidamente, sorridente disse que eram aqueles os planos, um abraços embaixo daquela caverninha de pelúcias que consumaria nosso tempo junto. E ansiei estar com o corpo ao lado do dela, como ansiava a manhã seguinte quando acordaria e daria de cara com ela lendo acompanha daqueles óculos enormes grudados em algum livro conceitual chato demais para mim, com as pernas cruzadas como indinho, concentrada (O jeito que mais amava vê-la). A madrugada voou, se voaria! Conversamos, nos amassamos e deixamos ser entrelinhas do ato de madrugar. Fui criança que havia se perdido há um tempo, quando ela saiu de perto, fui carinho que havia desacostumado e fui sorriso que há de estar descontrolado. E no dia seguinte, matei a saudade daquela "ela" que me fez apaixonar, com as pernas cruzadas e o cabeços pós-levantar, brega que só ela com a mania boba de usar mais de duas meias enquanto dorme, passamos o dia brigando e brincando como se não houvesse o adeus do amanhã. Ela viajaria de novo. E na despedida do dia seguinte, a única coisa que traçava esse elo maluco da nossa relação: O até mais do próximo encontro.
Porque amor pode durar muito enquanto dura pouco.