quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Botec-amor-es

-Chegue mais perto, puxe uma cadeira, já pedi uma cerveja para você, jogue a bolsa para lá, reservei seu lugar aqui e guardei a história certa para essa noite.
Vou contar sobre a maioria das pessoas que se entreolham nesse momento, enquanto brincam com seus copos, refletem algum assunto aleatório e deixam escapar os sorrisos. São "botecamores", isso mesmo. Surgem aqui, com um sorriso ou outro, uma história ou outra, e às vezes não chegam ao fim, o que depende se estamos falando do fim que vale algo, ou daquele fim sobre aluguéis e mudança de endereços. Porque amores válidos não trocam somente beijos, trocam cultura em papos noturnos, trocam risos nas mediações mundanas. E começam com um brinde aqui e ali, quando as canecas se levantam e pode-se ouvir "à mim, à você", ceticismo vai, ceticismo vem, contos antigos vão e vem, e a noite termina "à nós". Aqui encontramos todo "E se", e transformamos em todo "Dessa vez será". Aqui encontramos poetas, escritores de guardanapo, leitoras de embalagens, artistas de banco, historiadores feitos de cevada, amores que se constroem no álcool e se dissipam em lágrimas, talvez suor e raramente em alianças. Aqui se esvaem histórias sobre todos e quaisquer "ex", e sobre os "es", já que ela seria dele E de mais alguns, já que passariam a noite juntos E ela decidiu abandoná-lo, já que era para ser o futuro E eles, mas se apegaram demais ao passado para que se pudesse criar sequer um presente. Como as melhores histórias começam das mais variadas e aleatórias maneiras, aqui não seria diferente. Os mais diferentes (e estranhos) casais se formam, ela, desastrada, distraída. Ele, centrado, seguro de si. E entre eles, uma, duas, três cervejas e um, dois, três amigos em comum que insistiam em dizer que de um jeito louco, eles combinavam. No fim, sempre a mesma investida, durante uma história traçando o elo entre boteco, amores e todos os poréns alinhados, são os dedos quem ganham a intimidade e é tocando naquela pulseira ou naquele anel que o primeiro choque ocorre, e então, desce mais uma, para mais um dos casais relatados porque esse, sim, será amor.

-Minha cerveja acabou, pode pedir outra? Estou prestes a contar sobre meu botecamor, mas primeiro, pode devolver o anel que pegou enquanto eu falava? Aproveite e veja mais de perto minha pulseira...

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Nem todo sempre precisa ser sobre sempre


(Sim, é a história de mais um casal onde todos deveriam se inspirar. Já que todos puzzles deveriam possuir peças erradas.) -Indico a faixa número 6 - I'm yours de Jason Mraz.


E se eu pudesse descrevê-la em uma sentença, ela começaria com "Às vezes", e em seguida colocaria alguma foto da coleção que possuo dela em seus momentos mais aleatórios, porque às vezes ela era meu sempre.

às vezes ela me deixava eternizar seus sorrisos mais lindos...

Ela apareceu para mim como o Sol aparece em dias chuvosos, vagaroso e tímido, e quando aparece, muda cada parte de cada canto e foi exatamente esse efeito que ela causou em mim, dessa maneira. Assim como o Sol, loura, radiante, chamativa, apesar de ser aquele dia ensolarado com ventania inexplicável, já que era totalmente oposta à mim, louca de tudo, aproveitava sua pouca idade ao pé da letra, dançava sozinha, dançava acompanhada, se fazia música, se fazia festa, ria alto, não negava um papo bobo ao lado de uma cerveja barata, teimosa, briguenta quando se tratava de causas justas. Era como uma versão desses puzzles, e para completar minha peça, fizeram uma colorida com partes atenuadas demais para minhas partes mal acabadas.
Ela era aprendizado e era ensinamento. Me ensinou a dançar valsa, aprendeu pagode, me ensinou a amar, aprendeu a ser amante, me ensinou a remendar a boa conduta, rasgou meu bom senso, me ensinou a aprender, aprendeu me ensinando. Ela era dona de nosso sempre, que às vezes durava apenas uma noite, e ainda sim, me fazia acreditar que o "para sempre" sempre vale a pena, por menor que fosse.
Às vezes cedia e deixava de ser a moça durona que todos conheciam, às vezes era frágil, me deixava fazê-la se sentir segura apesar de toda blindagem. Às vezes se permitia relevar, e me deixava ser o homem da casa. Às vezes se relacionava e assumia, finalmente deixava de ser a moça que o vento carregava para todos os lados. Às vezes deixava de se cuidar e se tornava cuidado. Às vezes largava seu vinil da Joplin e me deixava colocar o pen drive com todos os sambas possíveis. Às vezes abandonava seus receios e amava sem barreiras ou paradas. Às vezes me deixava abraçá-la para que a dor passasse quando a música dele tocava. Às vezes a queria por um dia ou uma semana, e, às vezes a queria para sempre.

Ah, o sorriso

Fã de carinho mensurado, de demonstração de amor e de ocorrências. Prazer, a amásia do sorriso.
Para alguém que sempre gostou de carinho, afeto, afago e apego, nada mais justo que uma bela combinação de demonstração de amor com um sorriso, seja ele como for. Porque sorrisos são como achados em corações, pois há os completos, incompletos, vazios, tranquilos, calorosos, apaixonantes e suaves. Sorrisos são a primeira impressão -e que impressão-, e há os que precisamos fazer uma forcinha para que apareçam, porque quando se mostram é como se o mundo parasse e admirasse aquele momento.
E há os que se julgam sorridentes demais, que chegam a se ver constrangidos por sorrir tanto. Moço, teu sorriso é a salvação dos dias, é nele onde me encontrei e é exatamente onde permanecerei.
Sorrisos são calma em tempestades, são a conjugação mais-que-correta do verbo "Encantar" no presente/passado e futuro-mais-que-perfeito. Sorrisos são a base de uma estrutura muito bem montada delimitada por olhos, porque se os mesmos são a porta da alma, os sorrisos são a porta do coração, e deixando claro, são poucos os que fazem o meu derreter, e esses poucos transformam segundos em muitos, e em válidos.
Ah, o sorriso é capaz de roubar outros mais, de tirar lágrimas, de aquecer o frio interno e o mais importante, de furtar os corações em busca de algo para fazê-los notarem o que há de belo e um segundo onde os cantos dos lábios se arqueiam. Que sejam os acompanhados de covinhas, os levemente curvados, os acompanhados de cores fortes, os delineados por lábios bem formados, os que se fazem presentes em momentos extraordinários e que sejam poucos, que sejam válidos e que nos façam sorrir.