quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Sim, é outro sobre o fim do ano.

(Como é o último texto do ano, por que não algo mais "minha cara"?)

Esse é especialmente para você que reclama de quão ruim seu ano foi, que diz que trezentos e sessenta e cinco dias foram desperdiçados e que nada mudou. Portanto, leia e sim, fique à vontade para me dar ou tirar a razão.
Como você calcula um ano? Para responder, pegue um papel, e anotemos juntos.
Talvez por meio de vezes em que você se sentiu vivo, então coloquemos vinte, ou trinta. Ou por meio de amores completos e incompletos que você encontrou no ocorrer dos dias solitários, acrescentemos quatro. Ou por meio de insanidades que jamais se imaginava fazendo, mais seis na conta. Ou por meio das vezes que seu chão sumiu, finalize a conta com treze.
Agora, rasgue o papel. Afinal, consideraria os dias em que gostaria de ter permanecido em sua cama, sem os riscos passionais da vida lá fora? E quanto aos dias em que gostaria de ter vivido mais vezes? E os segundos que duraram eternidades, a qual você consome na memória nos dias de ócio e ódio? E os segundos que por mais rápidos que tenham sido, valeram mais a pena que dias inteiros em má companhia e erros repetitivos? Porque toda noite, quando o relógio zera, são os segundos que contam e que fazem a diferença, como nos detalhes, que ínfimos, ainda de extrema importância.

Então que consideremos os segundos, porque esse ano errei em segundos, em milhões deles, na verdade. Acertei em mil. Amei em trilhões. Chorei em outros mil. Aprendi e cresci em infinitos, já que o incontável nos faz acreditar que podemos alcançar algo, a maldita da esperança que sucumbe almas vazias. E por incrível que pareça, devemos agradecer aos momentos juntos da maldita da esperança, pois por eles estamos onde estamos e somos moldados pela mesma. E em apenas um para que eu me emancipasse da dor passada, porque o passado tem a mesma função do papel que rasgamos. Ele existiu apenas para refletirmos e então o abandonarmos definitivamente. E bastou outro para que eu voltasse a acreditar que é possível, sim, dividir a felicidade.
Portanto, devo dizer, não vivi trezentos e sessenta e cinco dias. Mas, definitivamente, vivi trinta e um milhões e quinhentos e trinta e seis mil segundos.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Que aluguemo-nos

"Eu acho que falam sério quando dizem que o amor não se compra, agora sei que posso alugá-lo"
E é sobre nossas vidas serem transformadas por algo que falo aqui.


Especificamente, é sobre a frase da canção "I'll cover you" do musical Rent. E claro, nada mais justo que eu falando sobre musicais, e amor.
Alugar algo sempre soou tão "adulto", tão literal. Até que aprendi a alugar talvez algo muita mais figurativo que a própria explicação do literal. O amor entre grandes amigos, onde um abraço consome toda negatividade, onde aquele sorriso caloroso amortece todas as pancadas diárias.
O amor ocasional, daquele que te confunde, e te faz querer esquecer, conhecer, querer. É, moreno, falo sobre a confusão que você me traz, e sobre como acabei gostando.
O amor pela vida, que você aluga toda vez que se vê feliz pelo simples.
O amor pela novidade, por aventuras diárias, por gente simples, por sorrisos instantâneos, por amores momentâneos, por músicas de fim de tarde, por cheiro de chuva, por bolinho de chuva de avó, por um alguém que apareceu apenas para te ensinar como se aluga certamente. O amor que antes comprado, se fazia mentira, se fazia erro.
O musical mudou minha vida, e todos implícitos em todas características continuam mudando todos os dias. Portanto, que possamos alugar cada vez mais gente, cada vez mais amor. 

Todos temos um lado artista

Dizem que artistas fazem de sua arte uma válvula de escape, e que os completos de arte, tem apenas uma como refúgio. E devo dizer, eu que sempre me julguei boa com as palavras, me vejo fugindo das mesmas enquanto falo, e utilizando-as ao máximo quando escrevo. Portanto, é delas que utilizarei para explicar a essência de vossa confusão.
Desde sempre, sou feita de arte da cabeça aos pés, sou adaptável a quaisquer que sejam. Magrela para a dança. Sem ritmo para o canto. Estabanada para a atuação. Desastrada para o desenho. Avoada para a música. Corajosa o suficiente para todas. E digo mais... É de arte que viverei, e é pela arte que me apaixonei. Já que essa coisa de ovelha negra da família me condiz (Ah! Rita, obrigada por me definir). Gosto de amar o que quer que seja, de me trajar absurdamente, de me mover sem medo, de abandonar os pudores. Chega de números! Quero mais histórias, mais relatos, menos Einstein, mais Neruda, mais absurdos, mais polêmicas, mais desapego, menos previsibilidade, mais surpresas. Gosto de me soltar quando convém.
E como artista, devo dizer... Gosto de gente de bem! Gente que senta com as pernas abertas, braços descruzados, sorriso largo, riso extravagante, gente que bebe com facilidade, gente que assume o que é, gosto de assuntos que causam à tona, de conversas que rendem devaneios, não gosto de homem, não gosto de mulher. Gosto de gente! De povão que canta alto, que se vê sem jeito as vezes, gente que divaga com clareza, gosto dessa coisa de amar o que aparece, gosto do artista casual.
E se em cada um existe um artista escondido, que ele seja liberto, mesmo que por um dia, mesmo que por uma noite. Porque é de gente sem pudores que o mundo precisa.