sábado, 28 de novembro de 2015

Noites de amor e música.

Ela não é de poucos, nem metades, ou quartos, ela é inteira, se joga, se entrega total e completamente. Dizem que ela é cativante por ser exatamente como é, quando encontra alguém que faça com que seus sorrisos aumentem e suas conversam ganhem prolongamento, se deixa levar, faz brindes à pessoa, dança com a mesma, conhece seus amigos e continua com a mania mais linda de todas, se deixa conquistar pelos detalhes.
A noite estava calma, a chuva que caía lá fora era fina e o vento soprava cuidadosamente, nos encontrávamos sentados ao lado do balcão principal daquele bar em que ela insistia em dizer que possuía uma essência maravilhosa. Poucas pessoas em volta, o atendente ria observando as pessoas da mesa de sinuca em meio às falhas da luz ao centro do local. Ela levantou e colocou um jazz animado no jukebox, soltou seus cabelos e dançou como se ninguém a observasse, chamou o senhor sentado ao lado da janela para acompanhá-la em seus passos descontraídos, e devo dizer, aquele bar de fim de estrada e fim de amores se transformou em alegria. Sorrisos se espalhavam por onde ela se movia se equilibrando entre centenas de cervejas que amorteciam seus sentidos e o bom senso de continuar fazendo com que a pista de dança improvisada se enchesse. Uau! Como ela era linda, não precisava arrumar seus cabelos à cada giro, a maquiagem se encontrava fora das linhas comuns e isso jamais a incomodava, matinha-se em cima de seus saltos apesar do incômodo por sempre priorizar a elegância, abraçava sem medo e sem pudores. Fez com que uma noite simples se transformasse em amor e música. E com ela, todos os dias eram assim, cheias de aventuras, amores e muita música.

Pouco é necessário.

A vida anda difícil, sem a calmaria de antes, sem a sensação boa de se sentir leve, com preocupações impostas e muito fervo interior. Acontece que me permiti esquecer como se vive. Vivemos buscando motivos e significados para tudo, para que no fim saibamos apenas como viver de modo intenso e do melhor modo que convém, e quando abandonamos o que nos faz bem, concluímos que sabíamos como fazê-lo.
Acabei me esquecendo como era bom ir ao cinema em horários aleatórios, mesmo que só restasse a arte e você na sala. Também, como é gratificante ouvir um MPB nos fins de tarde, se encarregando da poesia harmoniosa que traz sensação pacífica. Assim como assistir ao mesmo filme várias e várias vezes porque o tempo lhe permite, porque a trilha sonora o agrada e porque certos romances roteirizados preencher algumas lacunas.
Porém, quando a vida faz com que você sente em um local -onde sempre esteve apenas para apreciar determinada paisagem- e perceba o que há ao seu redor e todo o caos interior, você, apesar de todos crimes passionais figurativos, comete o pior deles... Assassina seu bom senso e sua felicidade momentânea, já que viver se baseia no pouco. 

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Tropece... nele.

Não leve como uma bronca e sim como um aviso... Pare de buscar o cara certo!
Dizem que a história se repete, mas na verdade o discurso se repete. Afinal, ele já saiu com muitas, já bebeu mais que uma república inteira, já se drogou mais do que se pode imaginar, já teve casos com todas as conhecidas, já viajou sem rumo, já esteve em muitos corações e também machucou vários. Ele é errado, demais. Não presta. Não merece mocinha de família bem instruída. Aliás, ele já viveu e você se manteve com os estereótipos de extrema passividade que se submetiam a tudo por você.
Eis que você se vê insegura quanto a ele, exatamente por saber que uma noite de bebedeira ao seu lado faria com que fossem esquecidas toda a pressão, todo o receio e toda boa conduta imposta, por ora.
Sabe que ele já errou muito e já foi o erro de tantas. Então se permita ser o acerto dele, e como vive acertando, se permita tê-lo como seu maior e melhor erro. Se perca em suas suas tatuagens, que aliás, não definem seu caráter, sequer a quantidade de cigarros que sempre o acompanham, ou a quantidade de brigas em que vive se metendo por defender demais certos princípios.
E consideremos que mocinhos de filme sempre decepcionam, clichês demais, e o clichê cansa. Irrita. 
As visitas à família, as flores, as frases ensaiadas e o figurino montado por revistas de clínica. Porque o bom é se imaginar na garupa de sua moto para que possa entrelaçar seus braços alcançando seu abdômen, assim como se ver dentro de sua jaqueta de couro, para que pudesse sentir o mundo sumir ao redor. Porque quando o inverno chegar, é ao lado de nossas fissuras que nos confortamos, ao lado de noites de insanidade e falta de noção, é ao lado da pessoa que fez com que todas suas ideias ilusórias de relacionamento fossem esquecidas, é ao lado daquele conjunto de cabelos bagunçados, jeans surrados, botas pesadas e um par de olhos alucinantes, os quais te observam com orgulho e um sorriso lateral que rouba a atenção de quem quer que o mire.E o aviso final? Quebre as pequenas regras, "abstine-se" do cotidiano, da gramática rebuscada, dos poetas de uma noite, das champanhes caras, das mãos juntas, dos jantares à luz de velas e da postura adequada. E pare de correr atrás de mocinhos sem graça, porque a graça na vida está nos mais elaborados tropeços.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Já tomou chuva hoje?

É cheiro de terra molhada, é brisa suave que acalenta mentes perturbadas e corações enevoados, é pingo a pingo que lava a alma, é poesia, é inspiração, é poeta, é amante, é amiga, é chuva! Chuva é amor, divertida como uma dança com os pés bobos por conta da água empoçada, é feliz como uma criança que salta de poça em poça rindo da maneira mais sincera, é receio quando forte e devastadora, é paixão quando calma e fina, e é, sem dúvidas, terapia para almas necessitadas.
Portanto, deixe chover, deixe molhar cada ínfimo espaço de seu corpo, assim como deixamos que beijos durem, e que o tempo cure, deixamos nos molhar.
Dias regados à chuva têm jeitinho de infância, com cheiro de casa de vó e essência de bolinho de chuva, quando tardes e manhãs eram compostas apenas por filmes à la romances previsíveis e conversas sobre o que seria de nossas vidas sem os mesmos. E são as melhores ocasiões para se deitar aninhado, vendo filmes dos mais diversos gêneros consumindo ora porcaria, ora chás que encobertam a frieza do dia cinza. Ou servem apenas para ouvir o som mais acalmante que se pode existir, enquanto envolve-se cada vez mais em suas cobertas recheadas de memórias dos dias chuvosos.