terça-feira, 10 de maio de 2016

(Ex)colhas


Toda relação é efêmera.


Sim, dessa maneira, direto e reto. A vida nos ensina a aceitar baques diretos, justamente direto ao nosso bom senso, já que toda e qualquer relação é entre um certo número de pessoas, e todos temos nossos extremos, portanto toda relação se baseia em extremos. Ou oito, ou oitenta. E isso faz com que a efemeridade seja imposta, toda e qualquer forma de afeto faz-se afastar e o limite finalmente é atingido. Como as marés que um dia se esvaem por conta da distância relativamente inesperada da lua, como o café que esfria e perde totalmente a graça até para os maiores amantes da cafeína, da mesma forma que um relacionamento tem seu fogo apagado em um sopro, em um "de repente", assim como com as mudanças do meio social e da mentalidade, deixamos de nos apaixonar por aqueles que roubavam nossos melhores sorrisos. Porque o que mais pode assustar um alguém ansioso é a falta de noção do futuro, um alguém depressivo é a falta do passado, é a presença de "ex". Afinal, a efemeridade é arte. É um artista de rua, obrigado a deixar sua obra inacabada porque seu expediente acabou e com a queda da noite, também caem as vantagens de permanecer ali, sozinho.
Salvar a arte de se afastar é exatamente o ato de abandonar seus pretextos, tudo o que te faz ser o que foi um dia com as pessoas inseridas na relação, é deixar a essência da probabilidade te acertar, já que provavelmente você estará segurando firme demais para não deixar tudo desabar, e provavelmente estará segurando tudo quando a noite cair, sozinho. Para que a arte seja salva é necessário apreciar o que a compõe, o que significa escolher entre deixar sua obra inacabada em um dia e continuar trabalhando na mesma indiretamente para que no dia seguinte possamos continuá-la, quebrando o fator efêmero e fazendo com que as relações se eternizem, dia após dia, expediente após expediente.