terça-feira, 10 de novembro de 2015

Um dia me drogarei de você

Um dia exatamente como se imagina, exatamente ao pé da letra sim, porque vinte e quatro horas é tempo suficiente para confirmar que você foi o melhor tiro que eu dei, ou recebi. Quero chegar de surpresa e dizer que você é meu por um dia inteiro, com todas as subjetividades impostas nas entrelinhas de como te direi e de como olharei você.
 E nesse dia me embriagarei de você, me alucinarei com seu cheiro e aplicarei seus beijos em cada canto de meu corpo. Para que possamos passar o dia regados de whisky, daqueles baratos para que fiquemos cada gole mais extasiados; assistiremos algum filme com um enredo péssimo para que no final não nos sintamos mal por tê-lo ignorado enquanto divagávamos por conversas sobre infância; usarei uma blusa sua porque me autorizarei ser piegas o bastante, e dançaremos em meio aos móveis até que a bebida e os giros nos façam esquecer o quão rápido a Terra gira e o tempo passa despercebidamente; você me ensinará sobre como agir em relação a seus gostos, ao tempo que passa a aprender mais sobre minha manias singulares; tiraremos muitas fotos, ridículas, abstratas, sem noção, para que utilizemos de argumento caso sejamos levados à uma clínica por uso excessivo um do outro; ouviremos música, daquela que um gosta e o outro apenas tem a atenção presa à letra com expectativa de remetê-la a si. E assim passaremos todo o tempo, onde deixaremos os segredos de nossas brincadeiras de lado, porque toda boa história de uso de drogas tem um pouco de duplo sentido.E ao fim do tempo ao seu lado, ao deixá-lo ir, deixarei em aberto a questão de próximas vinte e quatro horas, porque toda boa alucinação merece uma reprise.

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