quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Me curta enquanto estou aqui

A modernidade, a velocidade da informação, esses tais "Tempos Modernos" não são para mim, definitivamente. Sou arcaica para com as relações, adoro um abraço caloroso, uma piscadela distante e até mesmo um aperto de mãos mais refinado. Gosto de troca de olhares, troca de perfumes que se misturam com a aproximação durante conversas pessoais e a troca de toques que ocorre durante um flerte. Gosto de atenção notória, daquelas em que temos noção de que estão nos admirando, de que estão de fato curtindo nossa presença. Curtindo, o verbo mais pejorativo e mal utilizado ultimamente, pois casais devia estar curtindo o amor no reservado, no sussurro de algo interno ou num encontro de beijos, ao invés de curtirem seu amor imoral de rodas (e redes) sociais.
O tempo é dono de tudo isso, e deve ser aproveitado ao máximo, desde os milésimos aos segundos, o amor deveria ser entregue por segundos e por espaços que com o tempo se dissipariam. E o problema tem estado exatamente nesse ponto, o tempo foi esquecido, e as pessoas aproveitam-no por horas e dias, como casais que se vêm e preferem se manter presos em suas rodas sociais à divagar pelos segundos ao lado um do outro. Porque curtir um alguém, hoje em dia, é amplificar a boa imagem por meio de um clique, é contado pelo tanto de amigos que vêm sua suposta felicidade ao lado de quem ama. E deveríamos contá-lo pelo tanto de vezes em que tiramos o ar de alguém num beijo, ou pelo tanto de vezes que você se pega enroscado no cheiro da nostalgia, no enlace da saudade do toque.
Portanto solte seu celular, esqueça que você precisa curtir alguém de maneira figurativa e se deixe ser curtido, deixe seu corpo ter um fã, deixe seus sorrisos terem um motivo real, já que até mesmo o abstrato precisa ser sentido. E peço, aliás, imploro: Me curta enquanto estou aqui. Sou arcaica e presa às relações reais, apesar de sempre gostar mais de contos de fadas, tais quais até mesmo seus personagens curtem uns aos outros pessoalmente. 

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